Resgate de US$ 1 bi da Biosev amplia pressão sobre Louis-Dreyfus
(Bloomberg) -- Margarita Louis-Dreyfus, a bilionária proprietária da trading de commodities homônima, concordou em resgatar a divisão de açúcar e álcool da companhia no Brasil com uma injeção de capital de US$ 1,05 bilhão, o que aumenta a pressão financeira sobre a herdeira russa.
O socorro à Biosev SA, que opera usinas de cana-de-açúcar em cinco estados, surge em um momento crítico para a Louis Dreyfus Holding, entidade que também controla a trading Louis Dreyfus Co., uma das maiores do mundo. Margarita, que controla a holding por meio de um trust familiar, precisa de dinheiro para cumprir um acordo legal para a recompra de ações de outros integrantes da família -- uma obrigação estimada em cerca de US$ 1 bilhão. A necessidade de recursos extras surge após a trading suspender o pagamento de dividendos em 2017, pela primeira vez em 13 anos.
A injeção de recursos na Biosev é parte de um acordo com um grupo de 11 bancos para refinanciar quase 3,7 bilhões de reais em dívidas acumuladas pela unidade açucareira no Brasil após anos de prejuízos acumulados. Cerca de US$ 800 milhões do aumento de capital serão usados para reduzir o passivo relacionado a pré-pagamentos de exportação firmados entre a produtora de açúcar e a trading, enquanto US$ 250 milhões deverão reforçar a posição de caixa da Biosev, informou a empresa, na quarta-feira, em comunicado, confirmando um acordo noticiado no início do mês pela Bloomberg.
"Esta medida coloca a Biosev em outro patamar", afirmou Rui Chammas, CEO da Biosev, em entrevista.
O acordo com os bancos vai reduzir em 150 pontos-base o custo médio da dívida renegociada, reduzindo a despesa com juros e abrindo caminho para que a companhia gere caixa, disse o executivo. A redução do passivo em dólar com a Dreyfus também vai diminuir a exposição da companhia ao risco das flutuações cambiais, acrescentou. A melhora da estrutura de capital vai ainda permitir que a Biosev diversifique suas fontes de financiamento, possivelmente com uma emissão de títulos no exterior, segundo ele.
Aperto financeiro
Uma porta-voz da Louis Dreyfus em Genebra não pôde comentar imediatamente.
A Louis Dreyfus Co. informou na semana passada que suspendeu os pagamentos de dividendos aos proprietários da família, que receberam pagamentos médios anuais de US$ 270 milhões na última década. O lucro líquido em 2017 aumentou 4 por cento, para US$ 317 milhões, em grande parte devido ao forte desempenho da unidade de metais que a LDC está vendendo para um consórcio chinês. O forte desempenho dos metais compensou os fracos resultados com a operação agrícola, afetada pelos baixos preços dos grãos após uma sequência de grandes colheitas.
As ações da Biosev começaram a ser negociadas em São Paulo em 2013, depois que a Louis Dreyfus desmembrou a divisão açucareira. A acionista controladora, a LDC, injeta dinheiro na Biosev há anos por meio de pré-pagamentos comerciais vinculados a contratos de exportação de açúcar.
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