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Campanha de Trump diz que foi melhor no Facebook. E FB concorda.

Sarah Frier

04/04/2018 13h34

(Bloomberg) -- A campanha presidencial de Donald Trump se gabou diversas vezes de ter usado melhor as ferramentas de publicidade do Facebook do que a campanha de Hillary Clinton. Um relatório interno do Facebook, publicado dias após a eleição, mostra que os analistas de dados da empresa concordam com essa afirmação.

"Ambas as campanhas gastaram muito no Facebook entre junho e novembro de 2016", escreveu o autor do estudo interno, citando uma receita de US$ 44 milhões para Trump e de US$ 28 milhões para Hillary naquele período. "Mas as campanhas de Trump no FB foram mais complexas do que as de Hillary e aproveitaram melhor a capacidade do Facebook de otimizar resultados."

O relatório, obtido pela Bloomberg e discutido publicamente pela primeira vez, descreve detalhadamente as diferenças entre a campanha de Trump, com foco em encontrar novos doadores, e a campanha de Hillary, que se concentrou em garantir que Hillary tivesse um apelo amplo. O analista de dados afirma que 84 por cento do orçamento de Trump estava orientado a pedir alguma ação às pessoas no Facebook, como uma doação, em comparação com 56 por cento do orçamento de Hillary.

O Facebook não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Trump publicou 5,9 milhões de versões diferentes de anúncios durante a campanha presidencial e testou-os rapidamente para espalhar aqueles que geravam mais engajamento no Facebook, de acordo com o relatório. Hillary publicou 66.000 tipos diferentes de anúncios no mesmo período.

Como é normal no Facebook, os funcionários tiveram acesso ao relatório, segundo uma pessoa a par do assunto. Os funcionários publicam periodicamente esses estudos para que os colegas possam investigar as questões que afetam a empresa e aprender como determinados produtos funcionam.

Um ex-funcionário do Facebook citou informações do relatório em uma carta enviada ao gabinete do parlamentar Adam Schiff no início de março, afirmando que elas poderiam ajudar o Congresso a fazer as perguntas certas sobre se a campanha foi coordenada com a Rússia. Por exemplo, de acordo com o relatório, mais de um quarto dos gastos com publicidade de Trump estava vinculado a arquivos de terceiros com dados de eleitores, e aproveitou uma ferramenta do Facebook que ajudava a campanha a exibir anúncios para pessoas com perfis semelhantes aos dessa base de dados. Os anúncios de Hillary foram orientados a públicos mais amplos e apenas 4 por cento de seu gasto no Facebook foi destinado à ferramenta de perfis semelhantes.

"Os agentes russos deram à campanha de Trump uma lista de nomes para incluir ou excluir das propagandas que estavam sendo veiculadas no Facebook?", perguntou o ex-funcionário na carta.

Os republicanos encerraram a investigação da Câmara dos Representantes sobre a Rússia e Trump alguns dias depois, "deixando perguntas que ficaram sem resposta, pistas que não foram investigadas, inúmeras testemunhas que não foram ouvidas, intimações que não foram emitidas", escreveu Schiff, um democrata da Califórnia, no Twitter. Um porta-voz de Schiff não quis fazer comentários para esta reportagem.