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China e Europa são principais motores da demanda mundial de GNL

Dan Murtaugh

16/04/2018 14h15

(Bloomberg) -- A China e a Europa estão reformulando as perspectivas de crescimento para o mercado global de gás natural liquefeito, porque os analistas observam um consumo maior do que o esperado e uma chegada mais rápida de um déficit de oferta.

A demanda anual de GNL em todo o mundo aumentará para 579 milhões de toneladas até 2030, segundo analistas da Sanford C. Bernstein & Co., um aumento de 9,2 por cento em relação à previsão anterior. O crescimento mais rápido do consumo vai absorver o excesso global de oferta entre 2021 e 2023, dois anos antes do que o previsto há apenas seis meses, segundo o Citigroup.

"A demanda de GNL voltou a crescer", disseram analistas da Bernstein, incluindo Neil Beveridge, em nota publicada nesta segunda-feira. "O GNL é uma indústria altamente cíclica. Sempre foi e sempre será. Após um período de excesso de oferta, estamos chegando ao próximo ciclo de aperto do mercado."

A demanda global aumentou 12 por cento no ano passado, para 290 milhões de toneladas, impulsionada por um aumento de 46 por cento na China e por um aumento de 18 por cento na Europa, de acordo com a Bernstein. Há oportunidades para mais crescimento na Europa, porque projeta-se que a oferta doméstica vai diminuir, as importações por gasodutos estão perto da capacidade máxima e há dúvidas sobre as expansões futuras devido a tensões geopolíticas. As necessidades de GNL da região podem subir para 80 milhões de toneladas em 2020 e 100 milhões em 2030, contra 67 milhões neste ano, segundo a Bernstein.

Crescimento da China

O crescimento da China está sendo impulsionado por políticas governamentais que promovem a queima do gás, menos poluente que a do carvão, embora um inverno mais frio e interrupções imprevistas na importação por gasodutos tenham contribuído para o aumento registrado no ano passado, disseram analistas do Citigroup, incluindo Dale Koenders, em nota publicada no dia 13 de abril. A demanda no país pode crescer para 80 milhões de toneladas por ano até 2030, em comparação com menos de 40 milhões no ano passado, mas a falta de infraestrutura de dutos e armazenamento pode limitar a demanda entre 50 milhões e 60 milhões de toneladas.

O Japão, maior comprador mundial de GNL, precisará de mais combustível super-refrigerado para gerar energia no futuro do que o esperado anteriormente, porque o país terá dificuldades para atingir suas metas de energia nuclear, disse Koenders. Limitar a vida útil do reator nuclear a um máximo de 40 anos tornará a reativação inviável economicamente para todas as usinas até 2020, com exceção de 10 a 12, disse ele.

O próximo ciclo de investimento na nova produção de GNL deve começar em 2018 ou 2019, e 200 milhões de toneladas por ano precisarão ser aprovadas entre hoje e 2025 para manter os mercados abastecidos até 2030, disse Beveridge. EUA, Catar e Papua Nova Guiné estão mais bem posicionados para desenvolver projetos para suprir essa necessidade.

"Os compradores acham que estão em vantagem em um mercado de gás que parece estar em posição comprada, mas achamos que eles continuam superestimando o crescimento da nova oferta e subestimando a demanda", disse Beveridge. "Isso provocará uma nova reorganização da oferta de GNL a partir de 2018-2019."

--Com a colaboração de Perry Williams e Stephen Stapczynski