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O mundo quer mirtilos o tempo todo. E o Chile está animado

Eduardo Thomson

18/04/2018 12h16

(Bloomberg) -- Os hipsters e os adeptos da vida saudável de todo o mundo querem mais abacates para suas torradas e mirtilos para todo o resto. É aí que entra a produtora chilena Hortifrut.

A empresa com sede em Santiago intensificou os planos de aquisição e expansão para ampliar a produção e atender a demanda. Agora a Hortifrut está prestes a fechar um negócio anunciado em outubro no qual pagará US$ 160 milhões pela empresa peruana Grupo Rocío, a maior produtora de mirtilo do país.

Juntamente com os planos de expansão no México, nos EUA e na China, a decisão mais do que dobrará a produção de frutas, incluindo mirtilos, para mais de 100 milhões de quilos na safra atual em relação ao ano anterior, disse Victor Moller, presidente do conselho da empresa, em entrevista por telefone. E vem mais pela frente.

"As pessoas riem de mim porque penso que esta empresa ainda está na infância", disse Moller sobre a empresa de 38 anos que abriu o capital em 2012. "Mas este é um bebê com grande potencial de crescimento."

Os investidores estão felizes por enquanto, já que as ações da Hortifrut subiram mais de 500 por cento desde o IPO, contra um aumento de 29 por cento do IPSA Index, o índice de referência do Chile, no mesmo período. A receita mais do que dobrou, para US$ 367 milhões, desde antes da abertura de capital, mas caiu 9 por cento em 2017, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Adoração pelas frutas

Os mirtilos agora são algo que os consumidores querem 24 horas por dia, sete dias por semana e o ano inteiro, disse Roland Fumasi, analista sênior de frutas e vegetais do Rabobank em Fresno, na Califórnia, mais especificamente no Central Valley, polo agrícola do estado.

No mundo todo foram produzidas cerca de 1,7 milhão de toneladas de mirtilos no ano passado, duas vezes e meia o número de 2000, segundo a consultoria fresh4cast.com. O total deve chegar a 2 milhões de toneladas em dois anos. Os EUA são o maior produtor de mirtilo, seguido pelo Canadá e o Chile, este o maior exportador do mundo.

"A demanda é realmente inelástica", disse Fumasil. "As pessoas simplesmente precisam consumir mirtilo."

E os chineses estão dispostos a pagar o preço.

Demanda chinesa

Em janeiro e fevereiro, pico da colheita chilena, os mirtilos exportados para o porto de Jiangnan, na China, foram vendidos a uma média de US$ 10,04 por quilo, segundo dados da consultoria agrícola iQonsulting. Na Costa Leste dos EUA, o preço médio foi de US$ 6,40 por quilo.

Frente a tanta demanda, a Hortifrut mira mais aquisições, disse Moller.

"Estamos sempre buscando defender nossa posição de liderança no mundo", disse Moller. "Faz parte do nosso modelo de negócio ampliar parcerias com empresas líderes em distribuição de produção, engenharia genética, processamento ou logística."