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Alunos de Harvard abrem hedge fund para investir em criptomoedas

Olga Kharif

20/04/2018 14h14

(Bloomberg) -- Na década de 1970, Bill Gates e Steve Ballmer revolucionaram o software de sistemas operacionais. Trinta anos depois, Mark Zuckerberg ajudou a criar as redes sociais. Então, o que a mais nova geração de empreendedores de tecnologia de Harvard anda fazendo? Tentando ganhar dinheiro com criptomoedas, é claro. Sinal dos tempos.

Bushra Hamid, 19, filha de imigrantes sírios, e três colegas formaram a Plympton Capital, um hedge fund para investir em moedas digitais. Hamid diz que eles pretendem lançá-lo daqui a seis ou oito semanas, começando com US$ 1 milhão. A Plympton, cujo nome é uma homenagem a uma rua de Cambridge, Massachusetts, já reuniu US$ 700.000 de amigos e familiares.

"Não necessariamente sabemos muito, mas eles confiam plenamente em nós", disse Hamid.

Embora muitos investidores individuais com conhecimentos de tecnologia tenham se aventurado pelas criptomoedas há muito tempo, os fundos só se interessaram por elas nos últimos anos. Cerca de 226 abriram até agora, a maioria no ano passado, e chegam a administrar US$ 5 bilhões em capital, segundo a Autonomous Research.

O bitcoin, o termômetro de todo o mercado, caiu em relação aos picos registrados no ano passado, o que provocou uma queda de 48 por cento nos retornos dos fundos de criptomoedas no primeiro trimestre, segundo o Eurekahedge Crypto-Currency Hedge Fund Index.

Muitos desses fundos provavelmente não sobreviverão muito tempo, e alguns já faliram. Apesar dos retrocessos, outros fundos abriram as portas e alguns deles são dirigidos por pessoas na casa dos 20, de acordo com Rémy Astié, CEO da Citadelle, que ajuda a montá-los. O próprio Astié tem 24 anos.

O grupo da Plympton aposta no movimento jovem. Uma pesquisa on-line recente com cerca de 2.000 adultos realizada pela Harris Poll para a Blockchain Capital mostrou que 4 por cento dos millennials - pessoas com 18 a 34 anos - já tiveram bitcoin, o dobro da taxa da população geral. E 16 por cento dos millennials disseram que planejam comprar bitcoin nos próximos cinco anos.

"Algumas pessoas podem ver nossa idade e perceber que este é um novo espaço de crescimento impulsionado principalmente pela geração Y", disse Junaid Zubair, que também ajudou a fundar a Plympton. "Isso desperta uma forte percepção de desvantagens, mas também de paixão e interesse. Nisso poderíamos ter uma vantagem."

O custo de dirigir um fundo é muito alto, por isso a maioria deve tentar conseguir entre US$ 25 milhões e US$ 50 milhões, disse Lex Sokolin, diretor global de estratégia de tecnologia financeira da Autonomous Research, por e-mail. No entanto, disse ele, os fundadores da Plympton podem ter uma "vantagem geracional".

"Se as criptomoedas forem uma coisa da geração Y ou da geração Z, então saber como ser bobo da mesma maneira que os outros é algo valioso: permite aproveitar a reflexividade nos mercados", disse ele. No entanto, a falta de experiência poderia prejudicá-los, acrescentou ele.

"Se não se basear na realidade e em compliance, o projeto será devorado por uma concorrência cada vez mais sofisticada", disse Sokolin.