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Investidor de US$ 66 bi volta foco para ações de bancos europeus

Nicholas Comfort

20/04/2018 14h27

(Bloomberg) -- Uma década após a crise financeira, é hora de voltar a olhar para os bancos europeus, segundo a Allianz Global Investors.

"Estamos nos preparando para os bancos, mas sair da era do gelo para a normalidade leva tempo", disse Jörg de Vries-Hippen, diretor de investimentos para ações da Europa na Allianz GI. "Pode ser um erro não apostar nos bancos, mas isso não significa que seja necessário apostar em todos os bancos. É preciso comprar os bancos certos."

O fato de um dos maiores investidores institucionais da Europa ter evitado um setor tão grande desde a crise, e ainda se sentir à vontade para dar um peso menor a ele em relação ao índice Stoxx Europe 600, diz muito a respeito dos desafios enfrentados pelos bancos.

As taxas de juros em pisos recorde -- abaixo de zero na maior parte do continente -- reduziram as margens de crédito que normalmente geravam lucros para os bancos. Os futuros de taxas de juros de curto prazo sugerem que as taxas oficiais do Banco Central Europeu continuarão em zero ou abaixo disso pelo menos durante mais um ano.

Além disso, a tecnologia -- agora com o apoio de iniciativas reguladoras como a Diretiva de Serviços de Pagamentos 2 da União Europeia -- está derrubando obstáculos para a concorrência em pagamentos e serviços afins, outra galinha dos ovos de ouro para os bancos.

Ainda assim, o argumento em prol do investimento dos bancos melhorou. Os órgãos reguladores têm pressionado os bancos a levantarem capital e a serem mais honestos em relação ao estado de seus ativos. Os padrões globais para tornar os bancos mais fortes finalmente estão mais claros, o que dá aos bancos visibilidade a respeito de quanto capital precisam. Mais importante que isso, o crescimento e a demanda de crédito retornaram. Como resultado, as avaliações foram normalizadas. No Bloomberg Europe 500 Banks and Financial Services Index, a mediana da relação entre o preço e o valor contábil atualmente é de 0,98.

De Vries-Hippen disse ver "bons bancos" na Holanda depois que o governo holandês fez "um ótimo trabalho" para reparar os prejuízos causados pela crise financeira e pela bolha doméstica de financiamentos imobiliários. Os bancos italianos também estão ficando mais atraentes, diz, "mas não estou tão entusiasmado com eles quanto com os holandeses e os franceses".

As ações dos bancos alemães, por sua vez, continuam sofrendo com a proliferação de bancos menores e menos rentáveis do país, acrescenta.

Os bancos nórdicos estavam na lista de investimentos interessantes da Allianz GI no começo, "mas agora temos um problema com o mercado imobiliário e estamos cautelosos em relação aos bancos", disse. Dados compilados pela Bloomberg sugerem que a AGI conseguiu alguns lucros com sua posição no Swedbank no fim de 2017, mas que ainda mantém uma posição reduzida.

Desde o segundo semestre do ano passado, a Allianz GI vem comprando ações de bancos como o Crédit Agricole, da França, o ABN Amro Group, da Holanda, e o UniCredit, com sede em Milão, segundo dados compilados pela Bloomberg.

"A economia mundial está indo bem", disse De Vries-Hippen. "A Europa está funcionando muito melhor."

--Com a colaboração de Neil Callanan