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Walmart refina estratégia global com venda da Asda por US$ 10 bi

Michael Sasso, Sarah Ponczek e Sam Chambers

30/04/2018 12h52

(Bloomberg) -- O plano do Walmart de abrir mão do controle de sua rede de supermercados no Reino Unido, a Asda, reflete uma estratégia global que enfatiza os mercados de crescimento mais rápido em detrimento de alguns de seus mercados mais maduros.

A maior varejista do mundo anunciou nesta segunda-feira que a Asda vai se combinar com a varejista britânica J Sainsbury: a segunda maior rede de supermercados do Reino Unido vai se unir à Asda, que é a terceira maior, em um acordo avaliado em 7,3 bilhões de libras (US$ 10 bilhões). O Walmart manterá uma participação de 42 por cento na companhia combinada e terá uma perda não monetária de cerca de US$ 2 bilhões na transação, de acordo com um comunicado.

O Walmart está buscando mercados de crescimento mais rápido no exterior, como China e Índia, ao mesmo tempo em que enfrenta nos EUA, seu principal mercado, a gigante do comércio eletrônico Amazon.com. A companhia está perto de fechar um acordo para obter uma participação majoritária na maior varejista on-line da Índia, a Flipkart Online Services, informou a Bloomberg na semana passada.

"Eles sempre saíram de mercados com desempenho insatisfatório e de mercados onde não conseguiram incorporar profundamente sua oferta à base de clientes", disse Jennifer Bartashus, analista sênior de consumo da Bloomberg Intelligence. De agora em diante "a estratégia vai ficar muito mais contida, em regiões onde há uma quantidade significativa de renda e de crescimento populacional que se tornará uma base de clientes importante".

O Walmart provavelmente se expandirá em países onde já tem presença e parceiros internacionais, ao invés de buscar mercados totalmente novos, disse ela. A empresa poderia se livrar de seu investimento em sua unidade brasileira, que enfrenta dificuldades, disse ela.

Mentalidade diferente

O acordo é um exemplo de como o Walmart está adotando mentalidades diferentes em relação a seu portfólio global, disse Judith McKenna, presidente internacional da empresa.

"Estamos analisando formas diferentes de operar e, no Reino Unido, achamos que não precisamos estar no controle para obter os benefícios", disse ela em teleconferência com jornalistas. A varejista está particularmente interessada nas vantagens potenciais da unidade Argos, da Sainsbury, que oferece entrega em domicílio de roupas, utensílios domésticos e outros bens em apenas quatro horas, disse McKenna.

O Walmart comprou a Asda por 6,7 bilhões de libras em 1999, durante um período de expansão agressiva para a gigante do varejo com sede em Bentonville, no Arkansas. A Asda era considerada atraente para os consumidores preocupados com os preços, ao passo que a Sainsbury tinha como alvo um grupo demográfico mais sofisticado, e ambas estavam atrás da líder do setor, a Tesco. No entanto, o surgimento no Reino Unido de dois nomes que oferecem preços baixos - Lidl e Aldi - consumiu a participação de mercado da Asda.

O Walmart agora pode aplicar o que aprendeu da Asda, especialmente no varejo on-line, a outros mercados, inclusive a sua operação nos EUA, disse Bartashus.

"Eles extraíram muitos conhecimentos disso, e esta pode ser uma situação em que eles estejam decidindo se concentrar em mercados internacionais de maior crescimento, por causa do cenário competitivo no Reino Unido", disse ela.