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Ameaça de choque do cobalto é maior risco para carros elétricos

David Stringer e Martin Ritchie

22/05/2018 11h27

(Bloomberg) -- O risco crescente de escassez de oferta cobalto - um metal fundamental para as baterias cujo preço mais do que triplicou em dois anos - representa uma das maiores ameaças às previsões de aumento da adoção de veículos elétricos.

São necessários grandes investimentos em minas para evitar picos de preços capazes de interromper as reduções de custos das baterias de íon de lítio, disseram analistas da Bloomberg New Energy Finance na segunda-feira, em relatório. A falta de cobalto provavelmente esteja ocorrendo mais cedo do que se previa e a questão representa um possível desafio para as vendas de veículos elétricos nos próximos cinco a sete ano, segundo relatório.

"Devido ao longo período necessário para a chegada de novas minas e à concentração das reservas de cobalto na República Democrática do Congo, há uma possibilidade real de choques de oferta no início da década de 2020", disseram os analistas da BNEF. A RDC responde por mais de dois terços da produção, segundo a trading Darton Commodities.

As projeções de forte aumento da demanda por cobalto têm impulsionado iniciativas destinadas a desenvolver novas minas, à acumulação por parte de especuladores e a esforços para reduzir a quantidade usada nas baterias recarregáveis. As fabricantes de veículos que planejam expandir rapidamente as frotas de veículos elétricos já estão cientes dos perigos da escassez de oferta, segundo a BMW.

Os veículos elétricos deverão atingir a paridade de custos em relação aos modelos com motores a gasolina em meados da década de 2020 e em 2040 responderão por um terço da frota global, informou a BNEF em relatório. As vendas na China, o maior mercado de veículos elétricos, estão aumentando mais rapidamente do que o previsto, o que pode piorar a falta de cobalto a curto prazo.

"Se a capacidade não crescer conforme o planejado, os preços do cobalto podem continuar subindo e pode haver uma grande escassez de cobalto", disseram os analistas. "Isso provocaria sérias implicações no mercado de veículos elétricos."

O cobalto avançou mais de 270 por cento em Londres desde o início de 2016 e em março atingiu uma alta recorde. As projeções de déficit são comparáveis às de um estudo de outubro da BNEF que previa que a oferta poderia ser suficiente até 2021 e que informou que seria necessário autorizar novas operações após 2020 para evitar um déficit.

A Australian Mines, que está construindo uma mina e fechou acordo de fornecimento com a gigante de energia sul-coreana SK Innovation, chegou a subir 5,7 por cento em Sidney e a também produtora Cobalt Blue Holdings chegou a avançar 3,2 por cento.

É provável que o mercado já tenha considerado no preço uma perspectiva de restrição de oferta, mas não um possível risco de agitação política na RDC capaz de interromper as exportações, disse Peter Deneen, diretor-gerente da consultoria EV-Metals Resources, por e-mail.

As fabricantes de veículos têm respondido ao aumento de preços das matérias-primas acelerando os trabalhos em tipos de baterias que usam quantidades menores de cobalto, informou a BNEF.

Repórteres da matéria original: David Stringer em Melbourne, dstringer3@bloomberg.net;Martin Ritchie em Xangai, mritchie14@bloomberg.net