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Enxames de drones substituem fogos de artifício no céu da China

Blake Schmidt

14/06/2018 12h42

(Bloomberg) -- Depois que a China proibiu os fogos de artifício em mais de 400 cidades para reduzir a poluição, um novo entretenimento surgiu para preencher os céus: enxames de drones.

Espetáculos com mais de mil drones que compõem formas animadas em 3-D e outras imagens estão sendo agendados para celebrações em todo o país. Entre as empresas que estão lucrando com a tecnologia está a EHang, que foi contratada para várias apresentações e, no processo, bateu o recorde do número de aeronaves em uma única exibição.

Os enxames estrearam no palco global nas Olimpíadas de Inverno em fevereiro, quando a Intel usou mais de 1.200 drones que voaram em sintonia na forma de atletas. Desde PyeongChang, o uso dos drones vem sendo debatido, inclusive o polêmico potencial para aplicações militares. O foco da EHang, por enquanto, é ganhar dinheiro com civis e uma apresentação ao vivo em 1º de maio, que decolou da antiga muralha da cidade de Xi'an, foi assistida por mais de 100.000 pessoas e fez parte de um acordo que rendeu à empresa um pagamento de 10,5 milhões de yuans (US$ 1,6 milhão).

"Temos outros setores de negócios, mas a apresentação dos enxames de drones é o primeiro setor que monetizamos", disse o cofundador da EHang, Derrick Xiong, acrescentando que a EHang também está desenvolvendo drones de passageiros e de entregas. "É uma maneira mais ecológica de fazer fogos de artifício."

Os enxames automatizados da startup, que se comunicam e coordenam entre si, foram apresentados em quase uma dezena de cidades do país que inventou os fogos de artifício, com clientes como a Acura, uma divisão da Honda Motor, e as gigantes chinesas do setor de tecnologia JD.com e Baidu.

A apresentação em Xi'na, que usou mais de 1.300 unidades, bateu o recorde mundial da Intel de maior apresentação de drones, mas a Intel já planeja um show com mais de 1.500 no seu 50º aniversário em julho.

A apresentação da Intel em PyeongChang foi gravada previamente, mas a EHang se apresentou ao vivo. Alguns drones não conseguiram ficar em formação durante partes do show recorde da EHang e Xiong disse que o problema pode ter sido causado por interferências provocadas por seres humanos, mas não quis dar detalhes.

Fundada em 2014 por Xiong, que se formou na Universidade de Duke, nos EUA, e seu sócio Huazhi Hu, a EHang, com sede em Guangzhou, China, levantou US$ 42 milhões em uma rodada Série B no ano seguinte, com investidores como GP Capital, GGV Capital e ZhenFund.

Desafios

Um dos desafios na China são as restrições relativas ao espaço aéreo do país. Xiong tentou resolver isso oferecendo certo controle às autoridades por meio de centros de comando e de controle para monitorar o tráfego. Os lucros dos shows estão sustentando a empresa, que tem como objetivo levar ao mercado o primeiro drone de passageiros, um conceito que está sendo testado em um parque de diversões abandonado em sua cidade natal.

Phil Finnegan, diretor de análise corporativa da Teal Group, disse que os reguladores que querem garantir que cada drone seja operado por um operador poderiam limitar o uso de enxames.

"Existem aplicações militares para os enxames, mas as aplicações comerciais estão começando", disse ele. "A preocupação é que os órgãos reguladores autorizem apenas circunstâncias limitadas e que o uso generalizado ainda esteja longe."