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Cinco assuntos quentes para o Brasil na semana

Josue Leonel

18/06/2018 07h01

(Bloomberg) -- Banco Central anuncia sua decisão sobre a Selic na quarta-feira, a primeira após o Copom anterior contrariar a expectativa de corte do juro básico. Economistas esperam juro estável, enquanto contratos de juros futuros precificam alta, embora com redução das apostas. BC ainda deve continuar com leilões de swaps no câmbio, enquanto Tesouro atua com títulos. IPCA-15 também pode influenciar juros. Tendência dos ativos, contudo, deve continuar na dependência do quadro externo, diante do cenário de juros ascendentes nos EUA. Presidentes dos principais BCs do mundo, incluindo o Fed, falam dia 20. Notícias sobre guerra comercial também afetam ambiente internacional. Vejam os principais temas:

1º Copom após surpresa de maio

Na reta final pré-Copom, os economistas esperam que o BC mantenha a Selic estável em 6,50%. Precificação do mercado de DI, contudo, é de 19,78 pontos de alta da Selic. Nos dias de maior nervosismo, a precificação chegou a cerca de 50 pontos. Enquanto a alta do dólar influencia as apostas, as análises dos economistas se fiam nos comunicados do BC, que não sugerem possibilidade de elevação, e no cenário da economia. IBC-Br na sexta reafirmou uma economia de baixa tração, contrabalançando o IGP-10 de 1,86%, acima da previsão. Espera-se que este repique inflacionário passe assim que o efeito da greve dos caminhoneiros se esgotar.

Inflação acima do piso

Após o IPCA superar as expectativas em maio, no dia 21 será divulgado o IPCA-15 de junho, que deve seguir pressionado. Estimativa mediana é de que o índice acelere de 0,14% para 0,95% m/m e de 2,70% para 3,52% a/a, superando o piso da meta. Parciais do IPC-S, IPC-Fipe e IGP-M também estão previstas para a próxima semana e devem acelerar. Diante da contaminação do efeito da greve e também da alta recente do dólar, o mercado só deve começar a se preocupar mais seriamente se a alta dos preços se tornar mais generalizada e se prolongar.

BC segue atuando no câmbio

Dólar caiu 2% na sexta-feira reagindo aos leilões extras de swap cambial do Banco Central. Com 3 leilões, o BC completou a promessa de irrigar o mercado de câmbio com US$ 24,5 bi em swaps até o final da semana anterior. Intervenções devem prosseguir para atender à busca de hedge por investidores preocupados com o cenário global e as eleições locais. BC ofertará mais US$ 10 bi em swaps nesta semana.

Tesouro e CMN também em campo

Enquanto o BC atua no câmbio, nos juros o CMN antecipou o prazo para que entidades abertas de previdência complementar deixem de cumprir exigência de hedge para títulos prefixados de longo vencimento, ajudando a derrubar os DIs. Tesouro também tenta esfriar nervosismo e passará a fazer na semana leilões diários de compra e venda contemplando também NTN-Bs. Ao mesmo tempo, manteve a oferta de LFT prevista para 21/junho. Apesar de o dólar e o DI caírem reagindo às ações do BC, Tesouro e CMN, outros mercados seguem com nível alto de estresse, com CDS acima de 270 pontos e Ibovespa em queda para abaixo dos 70.000 pontos na mínima de sexta.

BCs em destaque em exterior agitado

As bolsas globais caíram sexta após o presidente Trump ameaçar impor tarifas sobre produtos chineses e a China indicar que pode retaliar. Nesta semana, contudo, as políticas monetárias dos principais BCs do mundo, que seguem com viés de aperto, poderão estar novamente em evidência. No dia 20, presidentes do BCE, Mario Draghi; do Fed, Jerome Powell, e do BOJ, Haruhiko Kuroda, participam de painel em Portugal. Draghi ainda fala dias 18 e 19 e BOJ divulga ata no dia 19. Agenda de dados será mais fraca nos EUA, trazendo PMI e indicadores de moradias.