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Plano de expansão de aeroporto de Londres irrita British Airways

Christopher Jasper e Kaye Wiggins

26/06/2018 14h14

(Bloomberg) -- O plano de expansão de 16 bilhões de libras (US$ 21 bilhões) do aeroporto de Heathrow, em Londres, talvez tenha superado seu último grande obstáculo político, mas o projeto ainda não convenceu a British Airways, a maior cliente do hub.

Depois que os legisladores britânicos apoiaram a construção de uma terceira pista por 415 votos contra 119 na noite da segunda-feira, a IAG, proprietária da BA, respondeu dizendo que os acordos financeiros propostos por Heathrow provavelmente aumentarão as taxas de aeroporto para os usuários e na prática exigirão que os passageiros atuais financiem os voos futuros.

"O Parlamento aprovou a expansão de Heathrow sem ter ideia de quanto isso vai custar", disse o CEO da IAG, Willie Walsh, em comunicado. "Não confiamos na capacidade da administração de Heathrow para executar esse projeto mantendo inalteradas as taxas de aeroporto."

Heathrow, que conta com fundos do Qatar e da China entre seus investidores, disse que a votação que apoia a declaração de política nacional aeroportuária do governo, na qual está incluído o plano da pista, foi "importantíssima", e liberará bilhões de libras em crescimento e criará dezenas de milhares de empregos nos anos críticos após a saída do Reino Unido da União Europeia.

Obstáculos

O CEO John Holland-Kaye declarou em uma entrevista que o aeroporto passou 18 meses reduzindo as despesas do projeto, mas que não é obrigado a fixar o custo final antes de apresentar seu plano piloto no fim do ano que vem. Ele disse que Walsh está "negociando em público" e acrescentou: "Esse é o trabalho dele".

Após décadas de adiamentos ligados à preocupação com o maior barulho dos aeroportos, com um aumento da poluição, com a demolição de casas e com o impacto sobre as estradas, a construção começaria em 2021, disse ele. A inauguração da nova pista de pouso está prevista para 2026. Ela aumentará a capacidade anual para 135 milhões de passageiros, contra 78 milhões em 2017.

Embora Heathrow tenha se comprometido a manter as taxas perto do nível atual, Walsh prevê que haverá "uma escalada maciça dos custos" do projeto nos próximos anos e solicitou à Autoridade de Aviação Civil (CAA, na sigla em inglês) que impeça Heathrow de "recompensar seus acionistas em detrimento do Reino Unido".

A IAG apelou anteriormente ao Departamento de Transportes para limitar as taxas de Heathrow, enquanto pressionava a CAA para que criasse concorrência dentro do aeroporto, permitindo que os terminais fossem administrados por terceiros. A empresa argumenta que a maioria das instalações dos EUA é de propriedade das companhias aéreas ou arrendada por elas, assim como ocorre em alguns lugares da Europa.

A IAG, que controla 54 por cento dos slots operacionais de Heathrow, seria o principal beneficiário da capacidade adicional, mas o limite dos voos inflou o valor de sua operação atual, aumentando as tarifas das rotas transatlânticas que já estão entre as mais lucrativas do mundo.

Vince Cable, líder dos liberais democratas, o único grande partido a se opor formalmente ao plano da terceira pista, apoiou as preocupações da IAG sobre as taxas, descrevendo Heathrow como "uma empresa extremamente desonesta" que paga mais do que ganha em dividendos e explora posições monopólicas em áreas como estacionamentos, ao mesmo tempo em que duplica sua dívida e reduz os fundos dos acionistas.

--Com a colaboração de Kitty Donaldson.

Repórteres da matéria original: Christopher Jasper em Londres, cjasper@bloomberg.net;Kaye Wiggins em Londres, kwiggins4@bloomberg.net