IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Latinos anseiam por sucesso no cinema após 'Podres de Ricos'

Anousha Sakoui

24/08/2018 13h13

(Bloomberg) -- Retratando um universo asiático, "Podres de Ricos" deve ser campeão de bilheteria nos EUA novamente neste fim de semana e seus produtores já estão de olho em uma sequência. O fenômeno superou expectativas e ajudou a derrubar mitos sobre elencos formados por minorias raciais nos EUA.

Após "Pantera Negra", outro sucesso nas telas, latinos se perguntam quando será a vez deles.

Latino-americanos ou hispânicos nos EUA foram o grupo com maior presença per capita nos cinemas do país no ano passado, segundo a Motion Picture Association of America. Eles compraram 23 por cento dos ingressos vendidos em 2017, embora representem 18 por cento da população.

Mas eles não aparecem muito no telão: 6,2 por cento dos personagens com falas nos 100 filmes mais vistos em 2017 eram latinos ou hispânicos, de acordo com a Iniciativa de Inclusão Annenberg da Universidade do Sul da Califórnia. Uma comédia romântica ou drama com elenco majoritariamente latino nunca fez grande sucesso nos EUA.

"As pessoas no comando em geral não são hispânicas e são essas as pessoas com poder para aprovar ou dar sinal verde para narrativas latinas", disse Jack Rico, crítico que também tem um podcast sobre cinema. "Elas decidem pelo não."

A pergunta é se essas atitudes estão mudando. Com o sucesso de "Podres de Ricos" e "Pantera Negra" - e também de trabalhos como "Girls Trip", sobre um grupo de amigas negras --, Hollywood começa a perceber que diversidade traz bilheteria.

'Jane the Virgin'

Os latinos fizeram algum progresso com séries de televisão como "Jane The Virgin" e a sequência "Velozes e Furiosos", que destaca personagens hispânicos há anos. A Walt Disney fez o desenho animado "Coco", sobre a tradição mexicana de celebrar o Dia dos Mortos.

Mas em termos de filmes centrados em elenco e cultura da América Latina -- como "Podres de Ricos" faz com asiáticos e seus descendentes que vivem nos EUA --, Hollywood produziu pouquíssimo. Os papéis disponíveis a latinos geralmente são estereótipos de imigrantes e traficantes de drogas. Entre os 100 filmes mais vistos em 2017, 43 não tinham qualquer personagem latino, conforme levantamento da Universidade do Sul da Califórnia, que também concluiu que não houve mudança significativa na representação de uma década para cá.

Prêmios de melhor direção

Em quatro dos últimos cinco anos, o Oscar de melhor direção foi para cineastas mexicanos, mas para filmes como a ficção científica "Gravidade", de Alfonso Cuarón, e o faroeste "O Regresso", de Alejandro González Iñarritu.

Alguns estúdios tentam aproveitar o gosto dos hispânicos pelo cinema. Em 2010, a Lions Gate Entertainment criou a Pantelion Films em parceria com o Grupo Televisa, do México, para ampliar a distribuição de filmes para esse público.

Recentemente, o estúdio lançou "Overboard - Homens ao Mar", um remake de "Um Salto para a Felicidade", de 1987, colocando o comediante mexicano Eugenio Derbez no papel de dono de um iate. Foi o filme de maior faturamento da Pantelion, ultrapassando US$ 50 milhões nos EUA (seu custo foi US$ 12 milhões). Os latinos representaram dois terços dos espectadores.

No caso de "Podres de Ricos", aproximadamente 41 por cento do público é formado por brancos, 38 por cento por asiáticos e 11 por cento por hispânicos, segundo a Warner Bros.

--Com a colaboração de Victoria Leandra Hernandez.