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Gestora de ativos faz alerta sobre MiFID a pequenas empresas

Frances Schwartzkopff

10/09/2018 15h58

(Bloomberg) -- O chefe da Nordea Asset Management afirma que as novas regras voltadas aos conflitos de interesse de seu setor estão prejudicando as gestoras de fundos de menor porte, que têm dificuldades para acompanhar o ritmo.

Nils Bolmstrand, CEO da Nordea Asset Management, uma unidade do Nordea Bank que administra cerca de US$ 257 bilhões, diz que as regras podem acabar sendo o típico caso em que o medicamento mata o paciente.

A revisão da Diretiva dos Mercados de Instrumentos Financeiros da Europa, que entrou em vigor no início deste ano, foi pensada para melhorar a transparência e acabar com conflitos de interesse no setor financeiro. A MiFID II já foi criticada por alguns porque aparentemente mina o incentivo para o fornecimento de pesquisas adequadas a investidores em empresas menores devido aos novos requisitos de preço.

Mas Bolmstrand afirma que está "mais preocupado com as concorrentes menores" do setor de gestão de ativos e com os reflexos da MiFID II sobre elas. A despesa adicional de pagar por pesquisas que antes eram obtidas gratuitamente pode dificultar a vida de muitos, disse.

"Eu me preocuparia mais com o fato de que pode haver gestoras de ativos de tamanho insuficiente para desenvolver capacidades internas para fazer pesquisas e que agora realmente ficará mais caro para elas comprar esse conhecimento", disse Bolmstrand.

A Escandinávia tem visto os níveis crescentes de riqueza coincidirem com um número cada vez maior de gestoras de ativos. No início do novo milênio, os quatro grandes bancos da Suécia, incluindo o Nordea, controlavam 85 por cento do mercado do país. Desde então, a fatia deles caiu para 59 por cento, segundo dados do setor. Mas as novas regras podem acabar alterando drasticamente o panorama do setor de gerenciamento de ativos da região, permitindo que apenas os maiores sobrevivam.

Fundos de pensão e seguradoras também estão perdendo interesse no setor de gestão de ativos, citando comissões inflacionadas.

Bolmstrand diz que a Nordea Asset Management é grande o bastante para resistir à mudança. Além disso, em grande parte está protegida do plano do Nordea Bank de levar adiante a demissão de 6.000 funcionários, sendo dois terços empregados em tempo integral. A unidade de gestão de ativos do banco se destacou pela eficiência, com uma relação entre custo e rendimentos de cerca de 30 por cento em comparação com uma média do setor de cerca de 55 por cento.

"Tem havido uma divisão crescente com níveis de custo claramente inferiores aos de outras gestoras de ativos", disse Bolmstrand.

Mas "o rendimento é menos resiliente do que os resultados históricos e, com isso, de certa forma, tudo acaba virando uma questão de escala", disse.

A Nordea Asset Management está tentando construir uma presença maior oferecendo produtos de outras gestoras sob sua própria marca (agora em torno de 20 bilhões de euros) e, em alguns casos, virando acionista das empresas. Em julho, comprou uma participação de 40 por cento na Madrague Capital Partners, e pode vir a fazer mais negócios desse tipo, disse Bolmstrand.