Otimismo dos americanos com salários esbarra nas estatísticas
(Bloomberg) -- De acordo com economistas, os EUA estão perto do pleno emprego, mas os ganhos salariais para os trabalhadores estão inalterados desde 2015. Mesmo a aceleração do crescimento dos salários divulgada na semana passada pode ser eliminada pela inflação.
Ainda assim, o otimismo dos americanos em relação a sua remuneração futura está no maior nível desde o início deste século, segundo a pesquisa mensal do Conference Board.
Por que?
As respostas são elusivas. Talvez as pessoas acreditem que as empresas finalmente incluirão os funcionários na bonança gerada por lucros recordes.Talvez a taxa de desemprego de 3,9 por cento faz com que as pessoas tenham uma boa impressão da economia de modo geral, então acreditam que ganhar mais é questão de tempo. Ou talvez a questão seja o dado em si.
A taxa de desemprego nos EUA está igual ou abaixo de 5 por cento há 36 meses consecutivos. Mas o crescimento dos salários corrigido pela inflação não está na mesma toada ? aliás, em julho teve variação anual negativa pela primeira vez desde janeiro de 2017.
Os dados sobre ganhos salariais sofrem do chamado viés de composição, de acordo com Marta Lachowska, economista-sênior do Instituto de Pesquisa sobre Emprego W.E. Upjohn, em Kalamazoo, Michigan. Isso significa "muita gente botando a cara para fora e sendo contratada por salários relativamente baixos", o que pode empurrar as estatísticas para baixo.
Para corrigir isso, o escritório regional do banco central (Federal Reserve) em São Francisco ajustou os números de crescimento de salários para contemplar trabalhadores que acabam de entrar e os que decidem voltar ao mercado de trabalho. Isso resultou em ganho de até 2 pontos percentuais no crescimento mediano da remuneração semanal.
Os fluxos de trabalho e a queda no percentual de empregados entre a população no auge da idade ativa (25 a 54 anos) sustentam o argumento da composição.
"Sete entre 10 pessoas que conseguem emprego não estavam procurando ativamente", disse Elise Gould, economista-sênior do Instituto de Política Econômica, em Washington. "Eles estão vindo de fora da força de trabalho", que inclui quem trabalha e quem procura emprego.
O percentual de empregados entre a população no auge da idade ativa atingiu uma mínima de 78,6 por cento em 2003. Com a recessão, essa parcela diminuiu para 74,8 por cento e não voltou a 78,6 por cento até setembro de 2017. Atualmente a taxa está em 79,5 por cento.
A pergunta do Conference Board sobre confiança se refere a renda e não a salários, ressaltou Lynn Franco, responsável por sondagens no instituto de pesquisas. Isso pode causar ligeiro viés favorável entre investidores do mercado acionário e empreendedores (mais inclinados a enxergar um cenário otimista do que os assalariados), ainda que o pagamento pelo empregador continue sendo "a fonte principal para a maioria das pessoas".
Seja qual for o motivo, não é recomendável ignorar as expectativas dos consumidores, alerta George Selgin, diretor do Centro para Alternativas Monetárias e Financeiras do Instituto Cato.
"Essas pesquisas sobre sentimento são pelo menos tão razoáveis quanto as previsões de qualquer economista", disse Selgin. "Incluindo as minhas."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.