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Alternativa da Camel ao cigarro pode não ser melhor para fumante

Anna Edney

11/09/2018 15h02

(Bloomberg) -- A British American Tobacco (BAT) não forneceu dados suficientes para demonstrar que seus sachês de tabaco da marca Camel são uma opção menos arriscada que os cigarros, segundo o órgão regulador dos EUA, um sinal de que a empresa poderia enfrentar obstáculos ao tentar desenvolver produtos menos nocivos.

Embora o Camel Snus contenha níveis mais baixos de algumas substâncias químicas potencialmente nocivas em comparação com os cigarros, ele contém quantidades mais altas de arsênico, cádmio e nicotina, segundo funcionários da Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês), em um documento publicado na internet nesta terça-feira. Esses níveis "podem resultar em aumento da exposição do usuário a carcinogênicos e outros agentes tóxicos que podem subsequentemente aumentar o risco de câncer, doenças cardíacas e provocar efeitos sobre a reprodução ou o desenvolvimento", afirmou a equipe da FDA.

A equipe da FDA concluiu que os dados apresentados "não demonstraram potencial para a exposição reduzida com os seis produtos Camel Snus em comparação com a fumaça do cigarro".

Em uma reunião marcada para o final desta semana, especialistas externos devem aconselhar a agência sobre a possibilidade de permitir que o Camel Snus seja anunciado como uma opção que reduz o risco de doenças relacionadas ao tabagismo. A British American adquiriu a Reynolds American, fabricante dos produtos Camel, no ano passado.

O Camel Snus é vendido na forma de sachês de lã que contêm tabaco finamente moído e não são queimados. Lançado nos EUA em 2009, ele é vendido em latas que contêm 15 sachês e traz rótulos como Frost, Winterchill e Robust, segundo o site da Reynolds. Ao contrário do rapé, que é inalado, e do tabaco para mastigar, normalmente não é necessário cuspir os sachês de Snus.

A equipe da FDA levantou a preocupação de que a Reynolds não tenha enviado informações suficientes sobre os ingredientes em diferentes sabores para permitir que a agência determine se eles podem afetar a absorção de substâncias químicas potencialmente nocivas. Ela também afirmou que os estudos que a empresa apresentou sobre os riscos do Snus contêm deficiências.

"Os estudos clínicos apresentados não demonstraram que os fumantes que trocaram completamente os cigarros pelos seis produtos Camel Snus tenham reduzido o risco geral de fumar ou seus riscos específicos de câncer de pulmão, câncer bucal, doenças respiratórias e cardíacas, e eles nem foram projetados para isso", de acordo com o documento informativo.

A BAT não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre o relatório.

A BAT e a Reynolds investiram US$ 2,5 bilhões desde 2012 para desenvolver potenciais produtos de menor risco, de acordo com o relatório anual da BAT de 2017, em um momento em que as grandes empresas de tabaco estão tentando se diversificar e ir além dos cigarros tradicionais. Ao mesmo tempo, o comissário da FDA, Scott Gottlieb, vem explorando regulamentações que reduziriam o teor de nicotina nos cigarros para níveis que não causem vício - uma medida que poderia alterar drasticamente o setor.