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Postura de BC americano azeda otimismo de gestora de US$ 1 tri

Lu Wang

17/10/2018 14h22

(Bloomberg) -- Por anos, Jim McDonald manteve o otimismo em relação aos ativos financeiros, resistindo mesmo em fases de queda dos mercados, como se viu em fevereiro.

Agora, em um período menos severo de perdas que pode até estar no fim, o estrategista-chefe da Northern Trust percebeu um catalisador para jogar na defesa: a postura mais restritiva do banco central americano (Federal Reserve). Neste mês, o gestor responsável por US$ 1 trilhão reduziu a exposição em ações dos EUA e países emergentes, colocando o dinheiro em títulos com grau de investimento.

"Migramos nosso posicionamento tático de risco para neutro após anos com maior alocação em risco", disse McDonald em um vídeo publicado no website da firma na segunda-feira. "Isso vem com o aumento das nossas preocupações de que o Fed não vai parar na posição neutra e eventualmente elevará os juros para um patamar que pode restringir o apetite por risco e também o crescimento econômico."

O S&P 500 sofreu a maior queda desde março na semana passada, em meio ao aumento dos rendimentos da renda fixa e a uma nova rodada de tensão comercial que levou investidores a reavaliar a perspectiva para o mercado acionário.

A ansiedade em torno da possibilidade de o Fed ir longe demais vem crescendo neste terceiro ano de aperto monetário nos EUA. A parcela de gestores de recursos que citam o aperto quantitativo como maior risco extremo para os mercados mais que dobrou para 31 por cento na sondagem realizada pelo Bank of America neste mês.

Para gestores como McDonald, comentários recentes sugerem que representantes do Fed estão dispostos a subir os juros para acima do nível neutro ou para patamares que não limitem nem estimulem a expansão da economia. O presidente da instituição, Jerome Powell, falou "Podemos ir além do neutro'', enquanto Charles Evans, responsável pelo escritório regional de Chicago, disse que o banco central talvez precise deixar a taxa básica de juros 0,5 ponto percentual acima do nível neutro.

"O risco de o Fed apertar demais continua aumentando, levando a maior volatilidade nos mercados no próximo ano", afirmou McDonald.