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Exxon mira grande descoberta de petróleo na África

Kevin Crowley

19/10/2018 13h12

(Bloomberg) -- A Exxon Mobil está de olho na África Ocidental e no sul do continente em busca da próxima grande descoberta de petróleo. A empresa de exploração vasculha o planeta para tentar repetir o sucesso obtido na Guiana.

A petroleira "realmente encheu" seu portfólio de exploração nos últimos tempos comprando grandes posições em países africanos como Gana, Mauritânia, África do Sul e Namíbia, e também em Chipre e na Malásia, em meio ao recuo das concorrentes, disse o presidente de exploração da Exxon, Stephen Greenlee, em entrevista, em Houston, nos EUA.

A onda de compras da Exxon mirou concessões de perfuração e levantamentos sísmicos, que são mapas das rochas existentes sob o leito submarino que podem indicar prováveis depósitos de petróleo. Descobertas maiores tendem a gerar lucros maiores e o prêmio final é conhecido na indústria como "elefante": uma descoberta com um bilhão de barris ou mais.

"Estamos adquirindo grandes quantidades de dados sísmicos com a ideia de que, no futuro, um ou dois desses lugares serão a próxima Guiana", disse ele. "São grandes posições em termos de espaço que estão em áreas que acreditamos que têm oportunidades promissoras em termos de sistemas de hidrocarbonetos."

Greenlee liderou a equipe que descobriu uma enorme quantidade de petróleo ao largo da costa da Guiana em 2015, descoberta que se tornou a maior das novas áreas em águas profundas do mundo. Com 4 bilhões de barris, a descoberta supera por muito as reservas da Guiné Equatorial e do Gabão, que são membros da Opep.

A Exxon conhece bem a África Ocidental, já que foi pioneira em descobertas em águas profundas ao largo da Nigéria e de Angola e abriu o Chade, que não tem saída para o mar, às perfurações. Gana já produziu uma descoberta importante conhecida, como Jubilee, mas os outros países africanos que estão na mira da Exxon têm pouca experiência na produção de petróleo e gás natural em águas profundas. Concorrentes como Tullow Oil, Royal Dutch Shell e Total também estão à caça na costa oeste da África.

A Exxon pretende perfurar "um poço importante" no Chipre neste ano e também trabalhar em suas áreas de exploração mais consolidadas na Guiana e no Brasil, disse Greenlee.

No Brasil, já foram coletados muitos dados sobre os blocos de exploração, o que significa que a empresa tem uma certeza maior do que há sob o solo.

"Diferentemente das explorações puramente de fronteira, essas são perspectivas grandes e bem definidas", disse Greenlee.

Como tal, a Exxon tem uma ideia melhor do que esperar e identificou o Brasil como um de seus cinco projetos principais para a próxima década ao lado da Guiana, do xisto dos EUA e do gás natural liquefeito de Moçambique e de Papua Nova Guiné. O "valor agregado" do Brasil é muito semelhante ao da bacia de xisto de Permian, no oeste do Texas e no Novo México, nos EUA, disse Greenlee.