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Queda de preços dos imóveis de Londres chegou para ficar

Anurag Kotoky

23/10/2018 11h25

(Bloomberg) -- O mercado imobiliário de Londres não está em boa forma -- talvez esteja até pior do que parece no papel.

Os números oficiais mostram que os preços na capital só começaram a cair neste ano. Mas isso parece muito mais brutal para os agentes imobiliários.

James Hyman, chefe da divisão de agências residenciais da Cluttons, está no negócio há duas décadas e sabe ler os sinais. O mercado já caiu cerca de 15 por cento na região central de Londres em comparação com quatro anos atrás e, na sua opinião, pode cair mais 7 por cento no próximo ano e meio.

Para Hyman e outros corretores de imóveis -- para não mencionar os vendedores de imóveis residenciais --, a lista de desafios do mercado cresceu nos últimos anos. A desaceleração, desencadeada por uma série de novos impostos e pela acessibilidade limitada, vem sendo agravada pela iminente saída do Reino Unido da União Europeia, e agora existe a ameaça de um novo imposto para os compradores estrangeiros.

A incerteza é muito grande para alguém que pretende desembolsar 486.000 libras (US$ 633.000), o preço médio de uma residência em Londres -- ou muito mais, se o imóvel fica perto do centro.

O problema real são todos esses anos de preços em disparada. Mesmo com a fraquezaatual, apenas um terço dos jovens adultos pode comprar uma casa em Londres com um depósito de 10 por cento e uma hipoteca máxima de quatro vezes e meia seus salários, segundo o Institute for Fiscal Studies.

E o custo da residência média em Londres representa quase 14 vezes a mediana dos salários em tempo integral na cidade.

O Brexit, por sua vez, vem afastando os compradores do exterior, com uma queda de até 70 por cento da demanda em relação aos níveis de 2014, segundo Hyman.

"O Brexit foi o motivo final absoluto pelo qual o mercado imobiliário em Londres veio a cair", disse, em entrevista. "A questão se resume à acessibilidade."

Para ajudar as pessoas em termos de acesso à propriedade, o governo tentou tomar medidas enérgicas para impedir que proprietários de imóveis com valores que superam as hipotecas comprassem propriedades para alugar. Para isso, aumentou o imposto de venda aplicado à compra da segunda residência e modificou o incentivo fiscal dos juros hipotecários aplicado a casas alugadas.

Além disso, anunciou neste mês o plano de aplicar impostos mais altos para os estrangeiros que buscam comprar imóveis no Reino Unido, o que atinge aproximadamente metade das transações residenciais na região central de Londres.

Essas mudanças tiraram impulso do mercado, há tempos afetado pela escassez de residências. O Brexit foi o último prego no caixão, segundo Aneisha Beveridge, analista do mercado imobiliário na Hamptons International & Countrywide.

Os preços podem já ter chegado ao fundo do poço na região central e nobre de Londres, mas o Brexit impede que voltem a subir, disse ela, em entrevista.