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IBM compra Red Hat para concorrer com Amazon na nuvem

Ed Hammond, Kiel Porter, Alex Barinka e Gerrit De Vynck

29/10/2018 11h34

(Bloomberg) -- Com a aquisição da Red Hat por US$ 33 bilhões - a segunda maior transação de tecnologia do mundo até hoje -, a IBM tem como objetivo se colocar entre os principais nomes que disputam o setor de computação na nuvem.

O acordo em dinheiro, de longe o maior da IBM, eleva de modo imediato as credenciais da gigante de serviços de informática de 107 anos no lucrativo e crescente mercado da nuvem - e lhe oferece o potencial necessário para um crescimento real das receitas.

A empresa, que já foi sinônimo de mainframe, demorou a adotar tecnologias relacionadas à nuvem e ficou para trás em relação às líderes do mercado, Amazon e Microsoft, na oferta de computação e outros softwares e serviços pela internet.

"Vínhamos reformulando a IBM para este momento", disse a CEO Ginni Rometty em uma entrevista à Bloomberg TV nesta segunda-feira. "A ideia é mudar o panorama da nuvem, e este é o ponto de inflexão para fazer isso."

A receita da IBM caiu quase 25 por cento desde que Rometty, de 61 anos, assumiu o cargo de CEO em 2012. Embora parte dessa queda tenha sido provocada por desinvestimentos, a maior parte dela se deve ao declínio nas vendas de hardware, software e serviços existentes, porque a companhia teve dificuldade para competir com as empresas de tecnologia mais jovens. Ela tem tentado orientar a IBM em direção a negócios mais modernos, como a nuvem, a inteligência artificial e o software de segurança, mas obteve resultados dispares.

As ações da IBM caíram 19 por cento neste ano, o que confere à companhia um valor de mercado de US$ 114 bilhões. As ações da Red Hat subiram 49 por cento, para US$ 174 por ação.

Em seu balanço do terceiro trimestre, a IBM decepcionou investidores que buscavam um avanço maior nessas áreas após seis anos de queda nas vendas, que só recentemente começaram a mostrar ganhos. Ainda assim, as melhorias vinham em grande parte dos antigos negócios de mainframe da IBM, não de seus chamados imperativos estratégicos. A receita da nuvem cresceu 10 por cento no período, para US$ 4,5 bilhões, menos que a expansão de 20 por cento registrada no segundo trimestre.

A aquisição da Red Hat poderia indicar aos investidores que a IBM não estava tão bem posicionada na nuvem quanto alegava, disse Jim Suva, analista do Citigroup Research.

"Prevemos ceticismo entre os investidores com essa transação, porque a mensagem transmitida é que a IBM está muito atrasada em sua transformação", disse ele.

Os investidores ficaram impacientes porque as ações caíram 31 por cento nos últimos cinco anos. Warren Buffett praticamente desistiu da IBM no ano passado. Seu conglomerado, a Berkshire Hathaway, reduziu sua participação na empresa em 94 por cento e aumentou seu investimento na Apple.

A aquisição da Red Hat representa uma admissão de Rometty de que o crescimento interno não seria suficiente para impedir que a IBM ficasse permanentemente para trás em um mercado que cresce em importância e tamanho.

Com a aquisição da Red Hat, a IBM se torna "uma empresa confiável na nuvem agora", disse Anurag Rana, analista da Bloomberg Intelligence. "Isso lhes dá um ativo que olha para frente e não para trás."

--Com a colaboração de Dina Bass.

Repórteres da matéria original: Ed Hammond em New York, ehammond12@bloomberg.net;Kiel Porter em N York, kporter17@bloomberg.net;Alex Barinka em New York, abarinka2@bloomberg.net;Gerrit De Vynck em N York, gdevynck@bloomberg.net