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Acionista ativista ganha peso na Telecom Italia com novo CEO

Daniele Lepido e Angelina Rascouet

19/11/2018 14h41

(Bloomberg) -- A decisão da Telecom Italia de nomear Luigi Gubitosi como seu novo CEO marca mais uma vitória da Elliott Management em sua tentativa de reformar radicalmente a empresa de telefonia em problemas.

O conselho, lotado de diretores que representam o fundo do bilionário Paul Singer, escolheu o ex-executivo do Merrill Lynch em reunião no domingo. Gubitosi é o sucessor de Amos Genish, demitido na semana passada por se resistir ao pedido do ativista de um desmembramento da rede de telefonia fixa. A Bloomberg informou no sábado que Gubitosi estava prestes a se tornar CEO.

A nomeação reforça a influência da Elliott e desfere um golpe na maior acionista da Telecom Italia, a Vivendi, que se opõe a ceder o controle da rede e que era contra a remoção de Genish. Gubitosi, 57, é o quinto CEO do ex-monopólio de telefonia em cinco anos e tem a importante tarefa de restaurar a estabilidade, enquanto uma briga entre os dois maiores investidores da empresa ameaça gerar mais transtornos.

O novo CEO assume as rédeas de uma empresa que está sendo prejudicada por uma dívida líquida de 25 bilhões de euros (US$ 29 bilhões) e pesadas obrigações com aposentadorias. A operadora não paga dividendos sobre suas ações ordinárias desde 2013 e agora também deve arcar com investimentos pesados em novas redes móveis. A chegada da rival francesa Iliad na Itália, além disso, mergulhou o mercado novamente em uma guerra de preços, reduzindo a receita para os operadores históricos. As ações da Telecom Italia caíram 25 por cento neste ano.

"O desafio mais importante de Gubitosi será dar à Telecom Italia uma missão e uma direção fortes e claras", disse Massimo Magni, professor associado de administração e tecnologia da Universidade Bocconi de Milão. Ele comparou a Telecom Italia com um "navio gigantesco à deriva" à medida que as tensões entre os acionistas aumentam.

Divisão

Os cinco diretores da Telecom Italia alinhados com a Vivendi -- incluindo Genish, que permanece no conselho -- votaram contra a nomeação, segundo pessoas a par do assunto. Gubitosi se absteve de votar e os outros nove diretores leais à Elliott o apoiaram, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque os detalhes não são públicos.

Um representante da Elliott preferiu não comentar.

O mandato de Gubitosi na Telecom Italia corre o risco de ser interrompido se a Vivendi tentar reconquistar o controle. O conglomerado de mídia francês pode solicitar uma assembleia geral extraordinária de acionistas para propor uma nova lista de diretores, dado o seu poder de voto.

Um porta-voz da Vivendi disse que, de qualquer modo, o conselho terá que convocar uma assembleia de acionistas para eleger novos auditores, o que dará uma oportunidade para os investidores "decidirem sobre uma das duas estratégias: desmantelar, como a Elliott quer, ou uma estratégia industrial de médio prazo".

Em comunicado, Genish prometeu "acelerar" uma reunião de acionistas. "Qualquer decisão de dividir a empresa, inclusive a de perder o controle da rede fixa, deve voltar aos acionistas para uma votação", disse ele.

--Com a colaboração de Scott Deveau e Kim Robert McLaughlin.

Repórteres da matéria original: Daniele Lepido em Milão, dlepido1@bloomberg.net;Angelina Rascouet em Londres, arascouet1@bloomberg.net