UE surpreende capitais e ajuda May a concluir acordo do Brexit
(Bloomberg) -- Theresa May conseguiu seu acordo do Brexit um pouco mais cedo do que muitos esperavam. O problema é que a pressa para terminar o acordo pegou as capitais europeias de surpresa e deixou-as perplexas com os vaivéns.
O presidente da UE, Donald Tusk, e o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, declararam na quinta-feira que haviam chegado a "acordo em princípio no nível político", ao mesmo tempo em que os negociadores da Comissão divulgaram um texto que vazou rapidamente.
Embaixadores nacionais acharam que o documento ainda era um rascunho em aberto quando se encontraram a portas fechadas em Bruxelas. Agora, eles reclamam que foram deixados de lado, de acordo com pessoas familiarizadas com a situação.
Os espanhóis reclamaram sobre Gibraltar, e até mesmo a chanceler alemã, Angela Merkel, soou um pouco desatualizada quando discursou em Berlim. Os países começaram a expor receios em relação a assuntos que vão do peixe ao fair play, e a maquinaria de Bruxelas encenou uma intervenção.
A Comissão tentou limitar as objeções definindo o texto e publicando-o o mais rapidamente possível, de acordo com duas pessoas familiarizadas com o assunto.
O risco é que a cúpula no domingo não seja uma mera formalidade da aprovação e que os países que não se sentiram ouvidos queiram afirmar sua autoridade. Afinal, foram eles que deram a missão ao chefe dos negociadores, Michel Barnier, que deve se reportar a eles.
Alguns países estão particularmente irritados com a ida de May a Bruxelas no sábado para se encontrar com Juncker. A última reunião das autoridades dos estados-membros antes da cúpula é nesta sexta-feira - e eles não querem que nada mude depois disso.
Merkel, por exemplo, deixou claro que não está disposta a negociar no domingo. Ela quer que seus funcionários a informem do texto final, para que ela possa simplesmente assinar e ir embora.
O porta-voz de May tentou aplacar os receios de que ela desestabilizaria a situação no fim de semana com uma nova lista de desejos. Ele reconheceu que o acordo só estará finalizado quando todos os 27 estados-membros tiverem assinado e disse que o Reino Unido não pedirá mais nada.
--Com a colaboração de Nikos Chrysoloras e Helene Fouquet.
Repórteres da matéria original: Ian Wishart em Bruxelas, iwishart@bloomberg.net;Robert Hutton em Manchester, England, rhutton1@bloomberg.net
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