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Vanguard já vê ativos baratos após perdas na América Latina

Paula Sambo e Aline Oyamada

30/11/2018 15h55

(Bloomberg) -- A perspectiva de taxas de retorno mais baixas nos EUA torna os mercados emergentes ? especialmente a América Latina ? bem mais atraentes aos olhos de um estrategista da segunda maior gestora de fundos do mundo.

"Os mercados emergentes apanharam tanto que agora parecem bem baratos", disse Jonathan Lemco, estrategista sênior de investimentos da Vanguard, que administra US$ 5,1 trilhões em ativos. "A América Latina pode ter os maiores potenciais de ganho no mundo, mas é preciso ter cuidado."

Títulos da dívida externa de países em desenvolvimento provavelmente registrarão a primeira perda anual em cinco anos. O dólar valorizado, a alta dos rendimentos dos títulos dos EUA, o protecionismo comercial e o tumulto na Turquia e Argentina reduziram a demanda por ativos de risco. Mas talvez o pior tenha ficado para trás, com as possibilidades de pausa no aperto monetário nos EUA no ano que vem e trégua na guerra comercial entre americanos e chineses.

Enquanto isso, a perspectiva para as ações nos EUA piorou, na opinião de Lemco. Após anos de retorno na casa de 10 por cento, as bolsas americanas devem proporcionar retorno de 5 a 7 por cento no ano que vem, enquanto a renda fixa deve pagar de 3 a 5 por cento.

Os ativos de mercados emergentes podem receber impulso já neste sábado. Na última quinta-feira, o presidente americano, Donald Trump, afirmou que está bem perto de "fazer algo" com a China. O comentário veio antes de uma reunião com o presidente Xi Jinping, neste fim de semana, e alimentou esperanças de que os dois líderes conseguirão chegar a um acordo no ano que vem.

"Há 60 por cento de chance de sair um rascunho estruturado", disse Lemco. "Não haverá acordo provavelmente até o final de 2019, mas é do interesse desses dois países ? e de tantos outros que dependem deles ? chegar a um acordo razoável para acomodação."

Decepção

Mas nem tudo são flores. Investidores ficaram apreensivos com a decisão do presidente eleito do México, Andres Manuel Lopez Obrador (conhecido pelas iniciais AMLO), de cancelar um projeto de US$ 13 bilhões de um aeroporto que já estava em obras. Eles haviam dado a AMLO o benefício da dúvida após sua vitória eleitoral, em 1º de julho.

"Não estou mais otimista", admitiu Lemco. Os investidores "estavam muito complacentes em relação a AMLO. Decidimos esquecer as posições de longa data dele como líder populista de esquerda. Foi uma grande decepção."

A preocupação agora é com a interferência do governo em empreendimentos que são parcerias entre petrolíferas estrangeiras e a estatal Pemex, explicou.Ainda assim, o México continuará com grau de investimento sólido no futuro próximo e um rebaixamento de um nível na classificação de crédito já parece embutido nas cotações dos ativos, acredita Lemco.

Uma das maiores preocupações do estrategista não envolve mercados emergentes. Ele acha que os investidores não estão dando a devida atenção ao impacto potencialmente disruptivo da saída do Reino Unido da União Europeia.

"Não é boa notícia, pode ser horrível ou medíocre, mas boa não é", disse Lemco. "Essa narrativa predominará em meados de 2019, mas duvido que já esteja totalmente precificada."

Repórteres da matéria original: Paula Sambo em São Paulo, psambo@bloomberg.net;Aline Oyamada em São Paulo, aoyamada3@bloomberg.net