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Chuva constante em Vancouver impede exportação de grãos

Jen Skerritt

27/12/2018 19h18

(Bloomberg) -- Enquanto as empresas de grãos canadenses gastam milhões para atualizar e construir novos terminais de exportação em Vancouver, um novo problema ameaça causar gargalos de transporte no maior porto do país: os navios não podem carregar grãos na chuva. E em Vancouver chove muito.

Na principal e mais chuvosa cidade do Canadá, a prática de carregar grãos em navios oceânicos com climas chuvosos está suspensa desde janeiro por receios com a segurança das tripulações marítimas. Toda vez que há um período de chuvas, as equipes param de carregar e esperam que o céu se abra.

"Os terminais de Vancouver geralmente estão operando de forma intermitente porque a chuva vai e volta constantemente", disse Wade Sobkowich, diretor executivo da Western Grain Elevator Association, que representa os transportadores de grãos do país, entre eles a Richardson International, a Cargill e a Viterra, a unidade canadense de grãos da Glencore. No início desta semana, "houve atrasos significativos causados pelo tempo durante o processo de carregamento" devido à chuva.

Os possíveis atrasos ocorrem à medida que a cidade portuária caminha para o período mais chuvoso do ano e à medida que os carregadores de grãos buscam movimentar grandes volumes de safras recentemente colhidas, incluindo trigo e canola. O período de novembro a janeiro é o mais chuvoso do ano em Vancouver e há uma chance de que este inverno do Hemisfério Norte seja mais quente e úmido do que o normal se as condições do El Niño se desenvolverem, disse Matt MacDonald, meteorologista de preparação para advertências da Environment Canada.

Demoras

Gargalos no transporte ferroviário provocaram uma acumulação de commodities nas pradarias do Canadá no último inverno do Hemisfério Norte, entre elas grãos, petróleo e madeira. Embora os embarques totais de grãos do Canadá tenham se movido a um ritmo mais acelerado nesta temporada, existe o receio de que a chuva possa ser mais um problema.

As exportações totais de grãos do Canadá de todos os portos dispararam 9,3 por cento, para 18,7 milhões de toneladas entre agosto e o começo de dezembro, em comparação com 17,1 milhões de toneladas no ano anterior, segundo dados da Canadian Grain Commission.

Até o inverno passado, as tripulações marítimas despejavam grãos através de furos de alimentação na tampa da escotilha do navio durante as intempéries ou colocavam uma lona sobre o porão, deixando uma pequena abertura para que um cano de carga despejasse o grão. O grão precisa ser protegido para evitar que ele se molhe, o que pode levá-lo a apodrecer ou germinar em trânsito.

A prática foi suspensa no começo deste ano, quando um árbitro decidiu que trilhos de segurança devem estar erguidos quando as tripulações estiverem colocando a carga nos navios na chuva para evitar quedas, disse John Beckett, vice-presidente de treinamento, segurança e recrutamento da British Columbia Maritime Employers Association. O sindicato que representa os estivadores também mostrou preocupação com o aterramento elétrico e a quantidade de pessoal, questões que ainda precisam ser tratadas antes que as equipes voltem a carregar na chuva, disse ele.

"Carregar na chuva continua sendo um desafio", disse Sobkowich. "Temos esperança de que soluções sejam apresentadas, mas elas não estão chegando no ritmo que esperávamos ou projetávamos."

--Com a colaboração de Frederic Tomesco.