Concorrência do xisto dos EUA abala produtores do Oriente Médio
(Bloomberg) -- A indústria petrolífera dos EUA está dando um golpe duplo em produtores do Oriente Médio que já estavam sofrendo com a queda dos preços.
Está acontecendo uma briga no mercado dos chamados petróleos leves, que têm menor teor de enxofre e são menos densos do que as variedades mais pesadas. Quando processadas, essas variedades geralmente rendem uma quantidade maior de combustíveis como a gasolina e a nafta. E agora, a oferta dos EUA está afetando os preços desses petróleos brutos e também dos combustíveis derivados deles.
O petróleo leve extraído dos campos de xisto dos EUA está chegando em cada vez mais quantidade à Ásia e reduzindo as vendas de países como a Arábia Saudita. Além disso, os EUA estão exportando um volume recorde de combustível refinado, o que contribui para um excesso global de gasolina e nafta. Isso está prejudicando alguns dos maiores membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo em um momento em que se preparam para reduzir a produção de petróleo bruto na tentativa de estabilizar o mercado.
"Não é nenhuma surpresa que os produtores do Oriente Médio tenham que baixar os preços do petróleo bruto leve", disse Virendra Chauhan, analista da consultoria Energy Aspects. Ao longo de 2018, uma das principais fontes de crescimento da produção global de petróleo foi o petróleo bruto leve dos campos de xisto dos EUA e da Arábia Saudita, disse ele.
Concorrência
Embora a rivalidade entre os produtores do Oriente Médio e os vendedores de petróleo dos EUA tenha se intensificado desde 2016, com a chegada à Ásia até mesmo de petróleos brutos americanos relativamente mais pesados, como Mars e Poseidon, a concorrência é particularmente dura para as variedades mais leves. O Murban, de Abu Dhabia, e o Extra Light, da Arábia Saudita, rendem quantidades de combustível similares e têm características químicas semelhantes às do xisto.
A empresa estatal Abu Dhabi National Oil reduziu o prêmio de 2019 para a oferta a prazo de petróleo bruto Murban para 16 centavos a 18 centavos de dólar o barril em relação aos seus preços oficiais de venda mensal, contra cerca de 25 centavos de dólar em 2018. A Saudi Aramco, administrada pelo governo, reduziu o prêmio para sua variedade Arab Extra Light sobre as referências para o Oriente Médio para o nível mais baixo em 16 meses. Eles estão competindo não apenas com os fluxos de xisto, mas também com novas variedades regionais, como Umm Lulu e Kuwait Super Light.
Apesar das recentes reduções de preços, os petróleos leves do Oriente Médio mantêm uma desvantagem relativa em relação ao petróleo americano antes de 2020, quando entrarão em vigor novas regras internacionais que obrigam a usar combustível menos poluente nos navios. O teor de enxofre em graus como o Arab Extra Light e o Murban ainda é maior do que os níveis do petróleo bruto dos EUA, o que significa que eles precisam ser um pouco mais processados para produzir combustíveis mais limpos.
Em relação aos produtos refinados, o aumento da produção de xisto e seu uso nas refinarias norte-americanas estão gerando um excedente doméstico de combustível que é exportado para mercados internacionais ou desloca cargas que vão da Ásia para compradores de outros lugares, como a América Latina.
"Os mercados de produtos petrolíferos vêm sentindo os efeitos negativos da maior oferta de petróleo bruto leve há algum tempo, porque as margens de gasolina apresentam desempenho abaixo da média", disse Chauhan, da Energy Aspects. "Isso está limitando a capacidade das refinarias de processar barris cada vez um pouco mais leves."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.