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Chineses ricos continuam ávidos por luxo apesar da desaceleração

Bloomberg News

15/01/2019 14h40

(Bloomberg) -- Cerca de metade dos consumidores chineses afirma que planeja gastar mais em compras de luxo neste ano, segundo uma pesquisa recente, em um momento em que cresce a preocupação de que a economia em desaceleração e abalada pela guerra comercial possa prejudicar a demanda no principal mercado de produtos premium.

Semanas depois da Apple ter afirmado que a demanda chinesa inferior ao previsto está prejudicando os lucros, uma nova pesquisa com 1.385 consumidores ricos realizada pela empresa de pesquisa CSG e pela agência de relações públicas Ruder Finn mostrou que 46 por cento dos entrevistados na China e 32 por cento em Hong Kong planejavam gastar mais em compras de luxo neste ano em comparação com 2018.

Embora os resultados para a China sejam condizentes com os resultados da pesquisa de alguns anos atrás, o diretor-executivo da CSG, Simon Tye, disse que a tendência mostrou um abrandamento. "Nos últimos anos, a confiança chinesa não parou de subir", disse ele. "Pela primeira vez em muito tempo, não observamos um grande sentimento de crescimento na China."

A indústria global de luxo tornou-se cada vez mais dependente dos ricos da China para impulsionar o crescimento, e um recuo percebido nos gastos tem sido um obstáculo persistente para as ações de luxo nos últimos meses. Os resultados da pesquisa são um alívio para as fabricantes de produtos premium que contam com a China, que responde por um terço do mercado mundial de luxo de US$ 1 trilhão.

No início deste mês, a Apple reduziu sua projeção de receita trimestral devido ao crescimento mais lento do que o esperado na China, o que desencadeou quedas em diversas ações de luxo, como LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton e Burberry Group.

A Richemont, fabricante dos colares Cartier e dos relógios Piaget, havia sinalizado em novembro que o crescimento das vendas chinesas tinha diminuído e que as disputas comerciais poderiam prejudicá-lo mais ainda. No entanto, seus resultados do terceiro trimestre, divulgados na semana passada, dissiparam algumas dessas preocupações.

"Os consumidores endinheirados continuam otimistas, embora a energia esteja um pouco mais fraca neste ano", disse Tye.

Um consumidor chinês médio na pesquisa, realizada entre 30 de novembro e 11 de dezembro, gastou mais de US$ 35.000 em produtos de luxo no ano passado, segundo o relatório divulgado na segunda-feira. Em 2016, última vez que os resultados da pesquisa foram anunciados publicamente, 42 por cento dos consumidores chineses disseram que gastariam mais em produtos premium.

Repensar estratégias

A desvalorização do yuan e a vigilância mais rigorosa do governo sobre as compras no exterior também estão forçando as marcas de luxo a repensar suas estratégias, depois de anos contando com turistas chineses de férias em lugares como Paris e Dubai para impulsionar as vendas. Diversas empresas, da joalheria Tiffany & Co. à marca de moda masculina Ermenegildo Zegna, estão mudando para aumentar as vendas domésticas na China.

As marcas também estão se concentrando em como incorporar elementos chineses para chamar a atenção localmente: a Burberry lançou recentemente uma coleção-cápsula do ano-novo chinês e tem uma linha de edição limitada vendida apenas pela Wechat, por exemplo.

To contact Bloomberg News staff for this story: Rachel Chang em Shanghai, wchang98@bloomberg.net