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Criptomoeda quer mostrar que atualizações podem ser pacíficas

Olga Kharif

15/01/2019 14h55

(Bloomberg) -- O termo "fork" (bifurcação) tem adquirido uma conotação negativa no âmbito das criptomoedas ultimamente. Uma atualização do software da rede do Bitcoin Cash feita em novembro eliminou quase metade de seu valor de mercado. Contudo, para os investidores do ether, uma atualização pendente deveria ser uma boa notícia.

Na quarta-feira, a rede da Ethereum adotará uma nova versão de software de blockchain, um fork chamado Constantinople que realizará principalmente ajustes técnicos discretos. Diferentemente do Bitcoin Cash, não se projeta que a rede da Ethereum seja fragmentada em várias versões nem que diversas entidades lutem para impor a sua.

"Eu realmente não consigo imaginar um hard fork menos tempestuoso, para ser sincero", disse Lane Rettig, principal desenvolvedor da Ethereum, em entrevista por telefone. "De todos os hard fork da história da Ethereum, este provavelmente é o menos atribulado."

A maior mudança será uma redução das recompensas para os mineradores, cujos computadores sustentam a rede, de três moedas por bloco para duas. A alteração deve reduzir a inflação do ether, a terceira maior criptomoeda, com um valor de mercado de US$ 13,3 bilhões. Como muitas vezes os mineradores vendem as moedas recém-cunhadas que eles recebem para cobrir custos e obter lucros, a atualização poderia estabilizar o valor do ether.

"Como a taxa de inflação cairá um terço, isso poderia reduzir a pressão para vender gerada pela recompensa para os mineradores", disse Michael Moro, CEO da Genesis Global Trading, que facilita a compra e venda institucional, por e-mail. O ether caiu 83 por cento em 2017 e não apresenta grandes mudanças neste ano, com um preço de cerca de US$ 127.

O risco é que a redução do pagamento diminua os incentivos para os mineradores que sustentam a rede - e que isso possa impactar na segurança da rede. Se menos mineradores optarem por apoiar a Ethereum, isso poderia elevar a ameaça de um ataque de 51 por cento, no qual uma entidade começa a falsificar transações na rede, disse Kyle Samani, sócio da Multicoin Capital Management. Ethereum Classic, uma fragmentação da Ethereum, sofreu neste ano um ataque desse tipo que já gerou mais de US$ 1 milhão em prejuízos para entidades como bolsas.

No entanto, o prêmio pago aos mineradores já tinha sido reduzido no último fork da Ethereum, em outubro de 2017, e o suporte à rede não diminuiu.

Os mineradores já sabem há muito tempo que suas recompensas acabarão sendo zeradas. Os desenvolvedores da Ethereum planejam deixar de empregar mineradores e passar a verificar as transações por meio de um sistema chamado prova de participações, no qual as carteiras digitais com ether também confirmarão as transações. Essa transição está em andamento há anos, e a primeira versão do software rodado sem ajuda dos mineradores deve estrear neste ano, disse Rettig. Chamado Serenity, o software começará rodando paralelamente à rede atual, suportada pelos mineradores.

"Eles funcionarão separadamente durante um ano ou mais", disse Rettig. "Depois, será feito um acoplamento, a fusão de duas redes." A rede atual tem outra atualização, chamada Istanbul, programada para outubro de 2019.