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China não consegue deter venda de artigos de luxo falsificados

Bloomberg News

17/01/2019 15h38

(Bloomberg) -- A China tem tomado duras medidas contra sua famosa indústria de falsificação. Bazares repletos de relógios, bolsas e sapatos falsificados foram demolidos nos últimos anos. Uma nova lei que entrou em vigência em 1° de janeiro promete multar varejistas on-line em até 2 milhões de yuans (US$ 296.000) pela venda de produtos falsificados em suas plataformas.

Mas os falsificadores chineses - que continuam sendo os mais prolíficos do mundo - já adaptaram seus negócios, recuando para espaços ainda mais privados da internet. Muitos dos melhores falsificadores do país agora vendem seus bens através de redes sociais de mensagens como o WeChat, da Tencent Holdings. Primeiro, eles anunciam suas ofertas na China e no mundo a través de plataformas como Instagram ou Tik Tok, da ByteDance. Depois, os compradores encomendam os produtos e pagam por meio de aplicativos de mensagens particulares. Essas transações podem ser entendidas como algo "entre amigos" e não constituem comércio eletrônico, conforme definido pela nova lei.

Hoje, uma bolsa preta que imita um modelo Dior pode custar cerca de US$ 255 em uma rede social chinesa. O valor equivale a um décimo do preço de US$ 3.250 do produto original, mas é mais alto que o de uma bolsa comum à venda no comércio. Parece original - couro bem macio, com o peso de uma bolsa de luxo autêntica. E chega em apenas um ou dois dias, supostamente na caixa gravada com o logotipo, com um laço de fita vermelha e o certificado de autenticidade da Dior.

A habilidade dos falsificadores e sua crescente capacidade de usar as redes sociais globais frustram as tentativas de Pequim de acabar com a falsificação de artigos de luxo. Embora os ricos da China estejam se tornando cada vez mais importantes para as principais marcas do mundo da moda, a grande maioria dos consumidores continua de fora: bombardeados pelas propagandas de itens que nunca poderão comprar e ávidos por imitações mais acessíveis.

"Por causa da disparidade de renda entre a diversificada população da China - do litoral e do interior, elites urbanas e trabalhadores migrantes -, é improvável que os produtos mais baratos, inclusive os que são acusados de falsificação, percam seu mercado na China em breve", disse Fan Yang, professora assistente da Universidade de Maryland, que escreveu um livro sobre as falsificações chinesas.

O Ministério de Comércio da China, a Dior, a ByteDance e a Tencent não responderam a pedidos de comentários. O Instagram afirmou que tem sistemas para flagrar itens falsificados antes da realização de uma compra e que conta com ferramentas para que os consumidores denunciem compras com as quais não tenham ficado satisfeitos.

Guerra comercial

As dificuldades para reprimir as falsificações de bens de luxo evidenciam os desafios enfrentados por Pequim em meio às negociações relativas à guerra comercial, em um momento em que a China tenta garantir aos EUA que é capaz de combater o roubo de propriedade intelectual - uma queixa fundamental das empresas estrangeiras.

O comércio global de falsificações crescerá de US$ 461 bilhões em 2013 para US$ 991 bilhões até 2022, de acordo com a empresa de pesquisa Frontier Economics, que inclui bens de luxo, produtos de consumo e muitas outras categorias, como produtos farmacêuticos. China e Hong Kong são de longe a maior fonte de falsificações exportadas, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.

--Com a colaboração de Sarah Frier.

To contact Bloomberg News staff for this story: Rachel Chang em Shanghai, wchang98@bloomberg.net