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Prisão domiciliar de diretora financeira da Huawei é um luxo

A diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, em foto de divulgação da empresa - Divulgação Huawei/Reuters
A diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, em foto de divulgação da empresa Imagem: Divulgação Huawei/Reuters

Natalie Obiko Pearson

17/01/2019 12h50

(Bloomberg) -- Meng Wanzhou sai de sua mansão de US$ 4,2 milhões com um monitor de GPS no tornozelo e entra em um SUV preto com motorista. Então ela vai, praticamente livre, perambular por lojas e restaurantes dentro de cerca de 260 quilômetros quadrados de Vancouver, no Canadá, até às 23h, horário de seu toque de recolher.

E assim passa mais um dia de prisão domiciliar de Meng, diretora financeira da Huawei Technologies e filha do bilionário fundador da maior provedora de telecomunicações da China. De acordo com as aparências, esta é uma vida confortável para alguém que está no centro de um complexo jogo de poder.

A prisão de Meng a pedido dos EUA --que quer extraditá-la por ter induzido bancos a possivelmente violar sanções impostas ao Irã-- provocou um conflito diplomático sem precedentes.

Nove dias depois de sua prisão em 1º de dezembro durante uma conexão em Vancouver, a China deteve dois canadenses por razões de segurança nacional. E nesta semana, um tribunal da China impôs uma sentença de morte, após um julgamento de um dia, a um canadense considerado culpado de tráfico de drogas.

Fiança

As condições da fiança de Meng incluem o monitor de GPS, confinamento das 23h às 6h e vigilância 24 horas realizada por uma empresa de segurança privada, a Lions Gate Risk Management Group. O trabalho deles é garantir que ela não viole as condições de sua liberação. Ela paga a elevada conta desse monitoramento, que inclui dois guardas em cada turno e um motorista.

"Se eu tivesse que adivinhar o custo, diria que são cerca de US$ 7.000 por dia", ou mais de US$ 2,5 milhões por ano, disse Nicholas Casale, ex-detetive da polícia. Casale estruturou o acordo de fiança de Bernie Madoff e atuou como monitor do desonrado gestor de recursos durante cerca de três meses.

A condição de Meng depois de pagar uma fiança de 10 milhões de dólares canadenses (US$ 7,5 milhões) é incomum, disse ele --normalmente, os movimentos e as comunicações do réu seriam restritos.

"Você não pode simplesmente sair para jantar ou fazer compras", disse Casale.

Prisão de Ghosn

As condições da prisão domiciliar de Meng contrastam com a de outro titã corporativo --o ex-presidente da Nissan Motor Carlos Ghosn--, que está confinado em um centro de detenção em Tóquio.

Ele compareceu ao tribunal na semana passada algemado, com chinelos de plástico e uma corda amarrada em volta da cintura. Meng também está se dando melhor que os dois canadenses detidos na China, que tiveram pouco acesso consular.

Meng, 46, ostentava uma echarpe Hermès roxa e uma bolsa Bottega Veneta quando visitou pela primeira vez seu supervisor de fiança em Vancouver, no dia 12 de dezembro.

Enquanto isso, reformas estão em andamento em sua outra mansão, de 16,3 milhões de dólares canadenses, em um dos bairros mais elegantes de Vancouver, em cuja porta recentemente estava estacionado um caminhão de um exclusivo designer de closets.

Sua defesa indicou que ela gostaria de se mudar para lá quando a casa estiver pronta. Se o fizer, ela estará a duas portas da residência do cônsul geral dos EUA, onde a bandeira estrelada flameja no gramado da frente.

(Com a colaboração de Kim Bhasin)