IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

'Superleite' gera filas de clientes em cafeterias dos EUA

Lydia Mulvany, Leslie Patton e Deena Shanker

18/01/2019 13h32

(Bloomberg) -- Da próxima vez que você pedir um café com leite nos EUA, pergunte se o leite é super.

O superleite, também chamado de leite barista, tem mais proteína e mais gordura que o leite comum e é mais cremoso. Além disso, ele produz uma microespuma com um excepcional resplendor de porcelana - excelente para fazer desenhos sobre o café com leite.

Produtoras como a Straus Family Creamery só começaram a produzir esse leite enriquecido nos últimos 12 meses, em um momento em que cafeterias dos EUA disputam quem prepara o cappuccino mais gostoso. Ele ainda é um produto bem underground. É improvável que seja encontrado nas grandes redes nacionais ou no mercadinho, mas alguns estabelecimentos locais oferecem essa delícia cremosa.

"Talvez este seja o leite mais saboroso que já tomei nos EUA, e ele combina perfeitamente com o café", disse Andrew Barnett, dono da Linea Caffe em São Francisco, que usa o leite barista da Straus. A cafeteria vende um café com leite de 350 ml por US$ 5. "Os consumidores conseguem perceber a diferença - há uma razão pela qual algumas cafeterias têm filas longas."

Gordura

O que torna o superleite tão especial? Tudo se resume à gordura. O leite integral normalmente contêm cerca de 3,25 por cento de gordura. As versões super contêm entre 4 por cento e 5 por cento na versão extra lux. Em algumas fazendas de laticínios, a gordura extra é conseguida simplesmente tirando menos nata de cima para produzir creme ou manteiga. Outras, como a Straus, acrescentam creme extra ao leite.

O superleite pode ser vendido com um prêmio de cerca de 10 por cento em relação ao leite integral comum, já que a demanda por leite de melhor qualidade nas cafeterias está aumentando. Este é um raro ponto positivo para o setor leiteiro dos EUA, de US$ 200 bilhões, que atravessa uma crise autodeclarada há anos. Os americanos estão consumindo 40 por cento menos leite per capita do que em 1975. No entanto, a produção não para de aumentar. Por isso, os preços do leite estão caindo e os produtores de gado leiteiro estão falindo; Wisconsin perdeu 600 fazendas de gado leiteiro em 2018.

'Mercado mais estável'

Matt Kilgus, gerente da Kilgus Farmstead, disse que quando a empresa começou a engarrafar leite em 2009, nem sequer sabia da existência do mercado para baristas. Hoje, mais de metade do leite produzido pelas 150 vacas da fazenda vai para cafeterias no estado de Illinois. E os negócios não param de crescer.

Mas, assim como acontece com a maior parte do setor leiteiro, o superleite deve concorrer com alternativas de origem vegetal que estão produzindo um fluxo constante de variedades para baristas. Um caso famoso é a Oatly, empresa sueca que, no ano passado, sofreu uma escassez de seus produtos nos EUA depois que a edição de seu leite de aveia para baristas se popularizou. A Califia Farms, com sede na Califórnia, têm três leites baristas, inclusive de amêndoa e de aveia. Eles estão formulados para gerar espuma e vapor e também podem ser guardados sem refrigeração, por isso as cafeterias podem facilmente armazenar grandes quantidades, segundo a empresa.

No entanto, para Kilgus, o superleite serve para amortecer a dor causada por mercados voláteis. Como os preços do leite como commodity estão em pisos recorde e muitos produtores têm dificuldades para obter lucro, o negócio das cafeterias tem ajudado a proteger sua fazenda, disse Kilgus.

"É um mercado mais estável", disse ele.

Repórteres da matéria original: Lydia Mulvany em Chicago, lmulvany2@bloomberg.net;Leslie Patton em Chicago, lpatton5@bloomberg.net;Deena Shanker em New York, dshanker@bloomberg.net