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Chefes de novos hedge funds estão apertando os cintos

Suzy Waite

24/01/2019 14h56

(Bloomberg) -- Brant Rubin abriu um hedge fund no ano passado, mas descobriu que esse já não era o caminho mais fácil para ficar rico, como costumava ser.

Em 2017, ele deixou o emprego, onde comprava participações em empresas de internet europeias para a Luxor Capital, de Londres, montou sua própria empresa e arrecadou quase US$ 50 milhões de familiares, amigos e alguns antigos clientes. Aí, ele se deparou com a realidade. Os recursos arrecadados não cobriam suas despesas e o setor do mercado em que trabalhava estava caindo em desgraça com as forças às quais ele tinha que responder: possíveis clientes e órgãos europeus de vigilância financeira que estavam impondo novas regras onerosas.

"Isto já não é mais tão lucrativo", disse Rubin, 39, que não tem tido muita sorte para levantar capital adicional dos mais de cem investidores que abordou porque eles tendem a evitar startups. "Gastar dinheiro é desconfortável, principalmente porque não temos dinheiro ilimitado para gastar. Mas acredito no nosso negócio."

Então, Rubin e os financistas que pensam como ele estão seguindo as mesmas regras que os empreendedores do mundo inteiro seguem rotineiramente: eles estão apertando os cintos. Rubin, formado pela Columbia Business School, troca hotéis com diárias de US$ 500 por albergues quando viaja para cortejar possíveis clientes. Ele voa em companhias aéreas de baixo custo como a Norwegian Air e prefere pegar o metrô ao Uber.

Ele e seus dois colegas na Vor Capital têm um escritório em cima de uma churrascaria em Covent Garden, uma área mais movimentada e turística de Londres, e não no elegante bairro de Mayfair, preferido por executivos veteranos e estabelecidos.

Novo cenário

O aumento dos custos e a diminuição dos rendimentos frustraram os cálculos das startups de hedge funds, principalmente ao aumentar o volume de recursos de que os fundos precisam para chegar ao equilíbrio. Há alguns anos era possível pagar as contas com as comissões obtidas com US$ 50 milhões sob administração, mas agora muitos precisam de pelo menos US$ 200 milhões, segundo o Simmons & Simmons, escritório de advocacia que representa três quartos dos maiores hedge funds do Reino Unido e metade dos maiores administradores dos EUA.

Conseguir esse dinheiro também ficou muito mais difícil: o valor médio inicial dos novos fundos caiu 72 por cento, para US$ 28 milhões, desde 2000, segundo o provedor de dados Eurekahedge, com sede em Cingapura.

"A maioria dos investidores vai a dois ou três grandes lançamentos a cada ano e deixa o resto gerindo ativos modestos, esperando para demostrar valor ou rezando para ter um melhor ambiente de captação de ativos", disse Vaqar Zuberi, diretor de hedge funds da Mirabaud Asset Management, com sede em Genebra, que administra 9 bilhões de francos suíços (US$ 9,03 bilhões).

Para Rubin, que obteve um retorno de 10 por cento no ano passado injetando dinheiro em empresas de internet europeias de nicho, a frugalidade forçada tem suas vantagens. Uma das empresas que o atraíram foi a Hostelworld Group, uma pequena empresa com sede em Dublin semelhante à Booking.com e à Expedia.com. Ele reserva seu próprio alojamento em albergues como o Generator Stockholm, que tem mais de 2.700 avaliações no site.

"Estamos tentando entender melhor o negócio e o hóspede de albergue, o que combina muito bem com nosso orçamento limitado", disse Rubin. "Estamos matando dois coelhos de uma cajadada só: fazer pesquisa e economizar dinheiro."