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Estudo de Harvard conclui que insulina antiga é boa e barata

Robert Langreth

30/01/2019 11h50

(Bloomberg) -- Sem fazer muito alarde, um sistema privado de distribuição do Medicare pertencente à seguradora Anthem transferiu milhares de pacientes idosos com diabetes dos novos e dispendiosos remédios de insulina, como Lantus, da Sanofi, para produtos de insulina mais antigos e baratos.

O sistema de saúde salvou milhões. Além disso, muitos pacientes também tiveram benefícios financeiros: menos deles atingiram a lacuna de cobertura do Medicare, em que os pacientes têm que pagar uma parcela significativa dos custos. Embora o nível de açúcar no sangue tenha aumentado ligeiramente, em média, não se registrou um número maior de visitas ao pronto-socorro nem de hospitalizações causadas por níveis baixos ou altos de açúcar no sangue.

Esta é a conclusão de um novo estudo de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Harvard que poderia mudar a forma como os diabéticos são tratados e mudar a sorte das companhias farmacêuticas.

Durante anos, mesmo com o grande aumento dos preços da insulina, os médicos continuaram prescrevendo algumas das versões novas e mais caras. No entanto, importantes pesquisadores questionam cada vez mais se medicamentos como Lantus, da Sanofi, Levemir e Novolog, da Novo Nordisk, e Humalog, da Eli Lilly, são realmente necessários para muitos pacientes.

Os resultados, publicados na terça-feira no Journal of the American Medical Association, sugerem que é seguro afastar a maioria dos pacientes com diabetes tipo 2 dos medicamentos mais novos e caros, especialmente se o custo for um problema.

"Simplesmente, isso significa que transferir muitos ou a maioria dos pacientes com diabetes tipo 2 da insulina análoga para a insulina humana é provavelmente seguro e eficaz e, além disso, pode ser muito econômico", disse Jing Luo, o pesquisador da Faculdade de Medicina de Harvard e clínico que é o principal autor do estudo.

A troca de insulina foi realizada pela CareMore Health, um braço de distribuição de assistência médica liderado por médicos da Anthem que trata pacientes em planos privados do Medicare e do Medicaid em diversos estados dos EUA. Possui centros de atendimento de bairro dentro de cerca de cinco a oito quilômetros de onde os pacientes vivem.

Economia

Os gastos mensais com insulina no sistema de saúde despencaram de US$ 3,4 milhões no final de 2014 para US$ 1,4 milhão no final de 2016, de acordo com os resultados publicados no Journal of the American Medical Association. Embora os níveis de açúcar no sangue tenham aumentado ligeiramente, em média, esta pequena diferença pode não ser clinicamente importante, concluiu o estudo.

Além disso, muitos pacientes também economizaram dinheiro. Antes da mudança, 80,4 por cento dos pacientes que usam insulina atingiam a lacuna de cobertura do Medicare, disse Luo, de Harvard. Em 2016, depois da troca, apenas 52,7 por cento dos pacientes tinham gastos elevados o suficiente para atingir essa lacuna de cobertura, disse Luo.

Conclusões contestadas

Em um e-mail, a Sanofi afirmou que o estudo não detectou índices de episódios menores de níveis baixos de açúcar no sangue nem episódios noturnos de níveis baixos de açúcar no sangue que podem ser potencialmente fatais.

"Isso, entre outras limitações, torna difícil tirar quaisquer conclusões", disse a porta-voz Ashleigh Koss, por e-mail. Cerca de 85 por cento das pessoas que usam produtos de insulina da Sanofi desembolsam menos de US$ 50 por mês, disse ela.

A Eli Lilly, que fabrica tanto os produtos novos de insulina análoga quanto as insulinas humanas mais antigas, acredita que a escolha do tratamento deve ser feita pelo paciente e seu médico.

Embora os produtos mais antigos de insulina humana sejam uma opção importante, "a insulina análoga continua desempenhando um papel fundamental no gerenciamento geral do diabetes", disse Ken Inchausti, da Novo Nordisk, em um comunicado. A insulina humana da Novo está disponível em muitas farmácias por US$ 25 por frasco, disse ele.