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Executivos da Amazon acalmam investidores em meio a escândalos

Spencer Soper e Matt Day

18/02/2019 15h25

(Bloomberg) -- As últimas semanas foram difíceis para o homem mais rico do mundo. O CEO da Amazon, Jeff Bezos, anunciou seu divórcio. Foi envolvido em um escândalo com um tabloide que incluiu até acusações de chantagem. E, na quinta-feira, sua empresa cancelou abruptamente os planos de investir US$ 2,5 bilhões e contratar 25.000 pessoas em um novo escritório gigante em Nova York.

No entanto, os investidores ainda não parecem assustados. Tirando os nomes de Bezos e da Amazon das manchetes, as histórias ficam mais comuns. Um casamento de 25 anos acaba. Um acordo para construir um parque de escritórios com subsídios públicos se desfaz. Um cara rico acusa alguém de chantageá-lo com fotos embaraçosas.

A Amazon ainda tem mais de 100 milhões de membros Prime, cujas taxas de assinatura os tornam mais leais à empresa porque eles podem aproveitar os descontos das entregas. A companhia tem negócios de computação em nuvem e publicidade que estão crescendo rapidamente e tornaram a empresa cada vez mais lucrativa. E mesmo se Bezos se distrair, o gigante do comércio eletrônico tem um grande grupo de executivos que supervisionam as operações do dia a dia à sombra de seu chefe. Os mais destacados são o chefe de nuvem, Andy Jassy, e o chefe de varejo, Jeff Wilke, que foram promovidos a cargos de CEO de divisão há quase três anos.

"Eles têm uma equipe de gerenciamento numerosa", disse RJ Hottovy, analista da Morningstar Inc. "Jeff Wilke e Andy Jassy mantêm a empresa funcionando sem problemas neste momento, mesmo que não recebam o crédito."

Preocupação

Jassy, 51, seguiu Bezos no início de sua carreira como um dos consultores de tecnologia do CEO. Ele dirige a Amazon Web Services, o grupo de computação em nuvem. Em uma empresa cheia de unidades semiautônomas, a AWS é um universo próprio, com seu próprio conjunto de tecnólogos, representantes de vendas e profissionais de marketing focados no negócio em rápido crescimento de aluguel de energia de processamento e serviços de software.

Wilke, 52, que ingressou na Amazon há quase 20 anos, dirige as operações de varejo globais, entre elas o mercado on-line e o sistema de entregas da empresa, a assinatura da Amazon Prime e a crescente presença de lojas físicas, incluindo os supermercados Whole Foods e as lojas sem caixa AmazonGo. Além dos EUA, onde a Amazon obtém a maior parte de sua receita, Wilke é responsável por uma expansão global que inclui novos mercados de consumo, como a Índia, a Austrália e o Brasil. Assim como Jassy, Wilke também se tornou mais visível como representante da empresa em público. Ele participou de discussões com autoridades de Nova York sobre os planos de expansão da empresa agora abandonados.

Alguns investidores e analistas acreditam que a decisão da Amazon de sair da cidade de Nova York pode ter um efeito duradouro. Não se expandir ali vai prejudicar os esforços de recrutamento da Amazon, especialmente em publicidade, disse Tom Forte, analista da DA Davidson & Co.

"A minha preocupação é que a narrativa não seja apenas sobre eles estarem distraídos, mas sobre o público estar se tornando negativo", disse Forte. "Eu ouvi pessoas dizerem por mais de um ano que o inimigo é a Amazon, e não o Walmart. A diferença agora é que isso não vem apenas de varejistas concorrentes, vem também da opinião pública."

Repórteres da matéria original: Spencer Soper em Seattle, ssoper@bloomberg.net;Matt Day em Seattle, mday63@bloomberg.net