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Luxo de Manhattan chega a mercado imobiliário badalado da Ásia

Yoojung Lee e Mai Ngoc Chau

19/02/2019 14h51

(Bloomberg) -- O edifício Grand Manhattan representa o que há de mais moderno em Nova York em matéria de moradia.

O empreendimento de 39 andares terá apartamentos, um hotel, restaurantes e alguns dos imóveis mais caros do país. Mas, em vez de contar com vistas para o Central Park, ele está localizado no Distrito 1 da Cidade de Ho Chi Minh, mais conhecido como o Wall Street de Saigon.

Trata-se da mais nova ideia concebida por Bui Thanh Nhon, um ex-vendedor de produtos de medicina veterinária que transformou sua empresa, a Novaland Group, em uma das maiores companhias imobiliárias do Vietnã. A participação majoritária do presidente do conselho significa que ele acumulou uma fortuna de cerca de US$ 800 milhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.

Tamanha opulência teria sido inconcebível em 1995, quando Nhon transferiu a Novaland para o setor imobiliário. O país comunista tornou-se, desde então, uma das economias que mais crescem no mundo. A expansão registrou uma média de mais de 6 por cento ao ano nos últimos 20 anos, depois que o Vietnã se abriu ao investimento estrangeiro e começou a tirar as algemas das empresas de seu setor privado. Mais recentemente, fábricas do sul da China têm se mudado para o país, o que ajudou o PIB a subir 7 por cento no ano passado.

Isso está estimulando os investidores estrangeiros a apostar no setor imobiliário do Vietnã, junto a um crescente grupo de compradores locais endinheirados, ávidos por colocar moeda forte em imóveis. Em um mundo onde os preços das residências parecem incertos em lugares como Londres, Hong Kong, Sydney e Nova York, o Vietnã é um lugar atraente.

O Vietnã está "onde o sul da China estava 10 ou 15 anos atrás", disse Goodwin Gaw, presidente da firma de private equity Gaw Capital Partners, com sede em Hong Kong, que administra US$ 17 bilhões em ativos imobiliários em todo o mundo. Já não é mais algo seguro, levando em consideração que os preços dos imóveis residenciais subiram constantemente nos últimos 18 meses, mas "a longo prazo continua sendo muito bom se você conseguir aguentar".

Os preços dos apartamentos de luxo na Cidade de Ho Chi Minh subiram 17 por cento em 2018, para uma média de US$ 5.518 por metro quadrado, de acordo com a CBRE Group. A empresa prevê que os preços subirão quase 10 por cento até o início de 2020, para US$ 6.000 por metro quadrado. (Os preços dos apartamentos mais acessíveis na cidade aumentaram apenas 1 por cento no ano passado.)

O projeto de Nhon contém unidades de dois e três quartos que custam a partir de US$ 6.000 por metro quadrado. (Ele preferiu não ser entrevistado para esta matéria.) Embora seja quase o dobro do preço de um apartamento de luxo típico na Cidade de Ho Chi Minh, é uma fração do custo dos de Cingapura, Tóquio ou Hong Kong, o mercado menos acessível do mundo.

"Há um enorme interesse em investir no Vietnã", disse Ilsang Cho, porta-voz da Hana Tour, agência de viagens sul-coreana que organiza pacotes turísticos de vários dias para visitar apartamentos no Vietnã.

Embora a demanda dos investidores estrangeiros permaneça forte, a última onda de compradores foi composta pelos novos-ricos do Vietnã. O número de pessoas com riqueza líquida de US$ 30 milhões ou mais aumentou 320 por cento de 2006 a 2016, o ritmo mais acelerado do mundo, à frente da Índia e da China, de acordo com um relatório de 2017 da Knight Frank.

--Com a colaboração de Frederik Balfour e Shawna Kwan.

Repórteres da matéria original: Yoojung Lee em Seul, ylee504@bloomberg.net;Mai Ngoc Chau em Ho Chi Minh City, cmai9@bloomberg.net