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Tela de Kennedy após assassinato deve gerar retorno de 300.000%

Katya Kazakina

01/03/2019 14h21

(Bloomberg) -- Rumores sobre um leilão de um quadro de Robert Rauschenberg deixaram o mercado interessado em um dos mais importantes artistas americanos do pós-guerra.

O mistério acabou.

Na sexta-feira, a Christie's pretende anunciar a oferta de uma obra de 1964, "Buffalo II", em um leilão em Nova York em 15 de maio. A estimativa é que saia por US$ 50 milhões, quase o triplo do recorde alcançado pelo falecido pintor e 300.000 por cento a mais do que os compradores originais pagaram pela tela, que retrata o presidente John F. Kennedy e foi concluída pouco depois de ele ser assassinado.

"Todo mundo estava esperando por essa pintura", disse Sara Friedlander, diretora internacional da Christie's em Nova York e responsável pelo departamento de arte contemporânea e do período pós-guerra da casa. "É a melhor das telas de silkscreen que restou em mãos privadas."

A peça faz parte da coleção de Robert e Beatrice Mayer, conhecida com Buddy, herdeira da marca de alimentos Sara Lee e que morreu em setembro, em Chicago. A Christie's vai oferecer mais de US$ 125 milhões em obras pertencentes a Mayer, incluindo "Kiss III", da linha Pop Art, pintada por Roy Lichtenstein em 1962, com valor estimado em US$ 30 milhões. Também serão oferecidas obras impressionistas e modernas, cerâmicas chinesas e telas de pintores latino-americanos.

Os Mayer compraram "Buffalo II" do lendário marchand Leo Castelli, que representava Rauschenberg na ocasião, por US$ 16.900. A venda em breve pode redefinir os preços de mercado para trabalhos do artista falecido em 2008, que têm ficado atrás dos valores pagos por trabalhos de contemporâneos seus, como Jasper Johns. O recorde para Rauschenberg em leilão é US$ 18,6 milhões. Uma obra de Johns chamada "Flag" saiu por US$ 36 milhões em um leilão em 2014.

Beatrice Mayer era mecenas e ativista e foi uma das fundadoras do Museu de Arte Contemporânea de Chicago. Ela nasceu em Montreal, no Canadá, e em 1939 se mudou com a família para Baltimore, nos EUA. Lá, seu pai, Nathan Cummings, comprou um pequeno negócio de alimentos que estava em dificuldades, segundo obituário publicado no Chicago Tribune. O negócio se expandiu e passou a se chamar Consolidated Foods, que teve como marca mais famosa a Sara Lee.

Buddy e Robert, que morreu em 1974, no início focaram em arte europeia, mas os preços ficaram salgados demais para eles no início da década de 1960 e o casal passou a se interessar por arte contemporânea, de acordo com a Christie's.

Eles "realmente acreditavam que a arte refletia a época", disse Friedlander. "Era um período muito agitado e politicamente carregado. E era essa arte que eles queriam comprar."

Para contatar o editora responsável por esta notícia: Marisa Castellani, mcastellani7@bloomberg.net