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EUA reavaliam limites de remunerações de Wall Street: Fontes

Jesse Hamilton

06/03/2019 15h24

(Bloomberg) -- Wall Street pode enfrentar novas restrições aos pagamentos de bônus agora que reguladores nomeados pelo presidente dos EUA, Donald Trump, estudam recuperar regras do pós-crise que ficaram em segundo plano durante muito tempo, segundo duas pessoas familiarizadas com o assunto.

Agências dos EUA como o Federal Reserve, o banco central americano, discutiram propor novamente os regulamentos após tentativas fracassadas de aprovação em 2011 e 2016, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque os esforços são muito preliminares. Exigidas pela Lei Dodd-Frank, de 2010, estas regras polêmicas foram pensadas para limitar o pagamento de incentivos que poderiam estimular os traders a assumir riscos perigosos, como os que contribuíram para o colapso de 2008.

As regras parecem divergir da agenda de desregulação de Trump, mas os bancos poderiam estar em melhor situação se os chefes das agências que ele nomeou as aprovarem. O motivo é que qualquer limite sobre os bônus implementados durante seu governo poderia ser menos oneroso do que o que poderia ser aprovado caso um democrata chegue à Casa Branca em 2020.

Um porta-voz do Fed disse que a agência está comprometida em concluir a regra de remuneração de incentivo com outros órgãos reguladores. Porta-vozes da Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês), do Gabinete de Controladoria da Moeda (OCC) e de outras agências não responderam imediatamente aos e-mails em busca de comentários.

Dodd-Frank

Os limites aos pagamentos estão entre as restrições mais abrangentes da Dodd-Frank. A versão proposta em 2016 teria limitado uma remuneração "excessiva" e exigiria que os executivos esperassem mais tempo para sacar bônus e daria às empresas financeiras até sete anos para recuperar pagamentos vinculados a más condutas. Os lobistas do setor ressaltaram diversas vezes que os bancos já haviam tomado medidas para restringir essas remunerações -- muitas vezes de formas que excedem os padrões que os reguladores buscavam.

Os bancos adiaram mais remunerações para os próximos anos para executivos do alto escalão desde a crise e vincularam uma parcela maior desses pagamentos a métricas de desempenho. Essas medidas foram tomadas como resposta às críticas de que os planos salariais de antes da crise recompensavam os altos executivos por assumir grandes riscos, com pouca desvantagem se as apostas não dessem certo.

O Goldman Sachs Group anunciou no mês passado que seus principais executivos agora têm milhões em jogo como resultado do escândalo de corrupção do 1MDB na Malásia. Os prêmios de ações do CEO, David Solomon, e de seu antecessor, Lloyd Blankfein, podem ser recuperados pelo banco se os resultados da investigação "impactarem" as decisões de remuneração do conselho para quaisquer executivos seniores.

O prazo original da Dodd-Frank terminou há oito anos. O vice-presidente do Fed para Supervisão, Randal Quarles, disse aos parlamentares, em audiência recente, que não tinha nenhum cronograma para terminar a regra exigida, mas a chamou de "um assunto importante, algo que discutiremos".

O Wall Street Journal noticiou primeiro na terça-feira que os órgãos reguladores discutiam recuperar a regra.

--Com a colaboração de Ben Bain.