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Cobertura de US$ 32 mi em Nova York põe à prova poder do varejo

James Tarmy

08/03/2019 14h39

(Bloomberg) -- Dois anos atrás, Ann Cutbill Lenane visitou o salão de vendas de 15 Hudson Yards, um edifício de apartamentos ainda não construído no coração do enorme projeto de renovação, de US$ 25 bilhões, da Related e da Oxford Properties Group no extremo oeste de Manhattan. "Eu tinha ouvido falar de Hudson Yards", diz Lenane, corretora da Douglas Elliman. "Eu imaginava um terreno baldio onde antigamente havia trens."

Mas um cliente dela quis visitar o lugar, então Lenane o acompanhou. Quando entrou, ela conta que ficou "de queixo caído". Havia a torre de vidro de 88 andares com design de Diller Scofidio + Renfro, mas, acima de tudo, ela ficou impressionada com Hudson Yards em si.

"Anunciavam arte, lojas e grandes quantidades de comida", diz ela. O cliente de Lenane acabou comprando um apartamento no prédio, e pouco depois Lenane também comprou um de dois quartos aonde se mudará em junho. "Estou dando um voto de confiança", diz ela. "Ainda não vi meu apartamento, mas me senti muito à vontade, porque foi [construído pela] Related."

Enquanto Hudson Yards prepara sua grande inauguração na semana que vem, a Related espera que a experiência de Lenane se repita muitas vezes, não só em 15 Hudson Yards, cujos apartamentos disponíveis custam a partir de US$ 4,3 milhões para um de um quarto e chegam a US$ 32 milhões para uma cobertura de dois andares, mas também em 35 Hudson Yards, um edifício de apartamentos ainda mais luxuoso, de 92 andares, cujos preços vão de US$ 5 milhões a US$ 28,5 milhões, sem incluir as coberturas. O preço de venda médio para cooperativas habitacionais e apartamentos de luxo em 2018 foi de cerca de US$ 8,5 milhões, segundo relatório da Douglas Elliman Miller Samuel. São imóveis caros.

"As pessoas estão muito empolgadas por estar aqui", diz Sherry Tobak, vice-presidente sênior da Related que é responsável pelas vendas em 15 e 35 Hudson Yards. "Quando as lojas e os restaurantes abrirem, com todas as oportunidades que existem lá - todo esse estilo de vida está atraindo muitos compradores."

Mas nem todos estão convencidos. "Isto não é o que chamamos de [imóveis] primeira linha", diz Donna Olshan, presidente da corretora de luxo Olshan Realty. "Eles podem até considerá-las assim, porque eles estão construindo, mas eu as consideraria uma localização emergente, ou seja, não testada."

'Uma aposta'

A ausência de um mercado para o estoque habitacional de Hudson Yards é o que Olshan chama de "uma aposta", particularmente no mercado habitacional atual de Nova York, que está em queda. O fim de 2018 foi o quinto trimestre consecutivo em que o mercado de cooperativas e apartamentos da cidade registrou um declínio nas vendas em relação ao ano anterior, segundo relatório da Douglas Elliman e da Miller Samuel.

O lado positivo, continua Olshan, é que a combinação de milhões de metros quadrados de espaço para escritórios, lojas de departamentos e as comodidades culturais e residenciais anunciadas pela Related é algo genuinamente novo para Nova York. "Acho que nunca vimos nada assim", diz ela. "Não me lembro de uma transformação drástica do tipo em alguma região de Nova York, com a possível exceção do Battery Park, anos atrás."

Portanto, é difícil determinar o "valor" dos novos edifícios de apartamentos, muito menos julgar seu possível sucesso. "Vamos ver quais serão os resultados para a incorporadora e para as pessoas que comprarem", diz ela.