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Possível fusão do Deutsche Bank põe em risco 30.000 empregos

Steven Arons e Nicholas Comfort

13/03/2019 11h23

(Bloomberg) -- O Deutsche Bank enfrenta forte resistência de alguns membros do conselho de supervisão a uma fusão com o concorrente alemão Commerzbank, já que o acordo traz a perspectiva de que dezenas de milhares de empregos sejam eliminados.

Jan Duscheck e Stephan Szukalski, dois representantes trabalhistas importantes no mais alto órgão de fiscalização do Deutsche Bank, se opõem à fusão, dizendo que uma combinação não conseguiria atingir a meta de fortalecer o banco e resultaria em grandes cortes de pessoal. Cerca de 30.000 empregos poderiam estar em risco caso o acordo seja fechado, segundo pessoas a par do assunto.

"Nós não apoiamos uma fusão", disse Duscheck - que atuou no conselho de supervisão do Deutsche Bank desde 2016 - em um comunicado enviado por e-mail. O acordo deixaria o banco combinado ainda mais suscetível a uma aquisição hostil do exterior e "não criaria um campeão nacional".

Órgãos reguladores e acionistas também estão questionando a lógica de uma combinação, mostrando os obstáculos que o CEO do Deutsche Bank, Christian Sewing, e seu colega do Commerzbank, Martin Zielke, precisariam superar.

Depois de anos lutando para aumentar a rentabilidade e conter um declínio prolongado na receita, o Deutsche Bank e o Commerzbank se aproximam de uma fusão, uma vez que termina o prazo para que os maiores bancos da Alemanha negociados em bolsa mostrem que os esforços de reestruturação estejam dando resultado. O ministro das Finanças, Olaf Scholz, sugeriu na segunda-feira que o governo está atuando como "acompanhante" nas discussões.

Céticos

As demissões que seriam necessárias para que um acordo funcione são um obstáculo particularmente grande. Quando os bancos se envolveram em conversas informais sobre uma fusão há quase três anos, seus planos previam a eliminação de 20.000 a 30.000 empregos, de acordo com uma pessoa envolvida nas negociações da época. Cortes de magnitude semelhante provavelmente também seriam necessários desta vez, de acordo com pessoas familiarizadas com as discussões atuais.

Uma fusão seria um "absurdo econômico" que custaria milhares de empregos, disse Szukalski, chefe do sindicato bancário alemão DBV, em um comunicado.

Líderes trabalhistas não são os únicos com reservas. Representantes de dois grandes acionistas do Deutsche Bank expressaram dúvidas em relação a uma combinação com o Commerzbank e, em vez disso, prefeririam enxugar as operações do banco nos EUA, segundo pessoas informadas sobre o assunto.

Os reguladores financeiros também estão cautelosos, embora possam ser influenciados se os bancos apresentarem um modelo de negócios viável e mostrarem que a nova entidade estaria suficientemente capitalizada, disseram algumas pessoas. O Deutsche Bank tem conversado com os reguladores sobre o acordo, mas em um nível informal que não exigiu a divulgação pública, disse uma dessas pessoas.

O Deutsche Bank e o Commerzbank preferiram não comentar.

Repórteres da matéria original: Steven Arons em Frankfurt, sarons@bloomberg.net;Nicholas Comfort em Frankfurt, ncomfort1@bloomberg.net