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Escândalo sexual no K-pop suja imagem do setor sul-coreano

Sam Kim e Jihye Lee

15/03/2019 11h41

(Bloomberg) -- O rapper sul-coreano Psy colocou o K-pop no cenário global com "Gangnam Style". Agora, um escândalo de sexo e drogas em discotecas de Gangnam envolvendo outra estrela do K-pop está prejudicando a imagem cuidadosamente elaborada do setor.

Seungri, membro da boy band Big Bang, aclamada internacionalmente, está sendo investigado por facilitar a prostituição e foi interrogado pela polícia. Embora ele não tenha sido acusado, a investigação desencadeou um frenesi de mídia e política que está abalando a Coreia do Sul. A indústria do entretenimento tornou-se cada vez mais importante como motor do crescimento econômico - uma das exportações mais conhecidas do país, juntamente com os telefones Samsung e os automóveis Hyundai.

A polícia interrogou Seungri na quinta-feira sobre seu envolvimento com prostituição em uma discoteca em Seul, de acordo com um porta-voz do departamento. Além disso, o primeiro-ministro do país pediu uma investigação sobre denúncias de crimes sexuais, abuso de drogas e conluio policial com as discotecas de Gangnam.

"Os desvios de alguns artistas e pessoas ricas são chocantes", disse o primeiro-ministro Lee Nak-yon na quinta-feira em uma reunião de política. "A polícia precisa descobrir a verdade para trazer justiça."

O presidente Moon Jae-in, que no ano passado elogiou o K-pop depois que a banda BTS chegou ao topo do Billboard 200, não comentou.

O escândalo começou em novembro, quando um cliente de uma discoteca chamada "Burning Sun" foi violentamente removido das instalações pelos funcionários. Seungri era um executivo da discoteca e especulações sobre seus laços prenderam a atenção do país. A emissora local MBC informou no mês passado que um funcionário da discoteca fornecia drogas aos clientes. A discoteca negou irregularidades.

Em seguida, a emissora SBS informou que Seungri pediu em 2015 que a equipe de uma discoteca chamada Arena fornecesse mulheres a clientes de Taiwan, uma possível alusão a um acordo sexual. A SBS citou um advogado que alegou ter obtido mensagens de Seungri no KakaoTalk. Isso levou à investigação policial. O advogado não deu retorno a pedidos de comentário.

Seungri, 28, negou todas as acusações de irregularidades através de sua agência de entretenimento. Além disso, ele afirmou no Instagram que entrou na diretoria da Burning Sun para obter mais oportunidades como DJ e ajudou a fazer propaganda da discoteca, mas não participou da administração. Mais tarde, ele disse que iria encerrar sua carreira no âmbito do entretenimento. Sua agência, a YG Entertainment, anunciou na quarta-feira que rescindiu o contrato com ele e pediu desculpa por não ter conseguido "administrar o músico mais profundamente".

Apelidado de "Grande Gatsby da Coreia" por seu estilo de vida luxuoso, Seungri era o membro mais jovem da banda de cinco homens formada em 2006 com T.O.P, Taeyang, Daesung e G-Dragon. A Big Bang abriu o caminho para a ascensão do K-pop com uma série de músicas de sucesso, como "Fantastic Baby", "Lies" e "Love Song". A banda ajudou a transformar a música sul-coreana em uma marca global com seu apelo e charme.

"Isso causa repercussões não apenas para os artistas, mas também para os ricos e poderosos que aproveitam seu charme para promover seus próprios interesses", disse Kim Jung-soo, que leciona políticas culturais na Universidade Hanyang, em Seul.

--Com a colaboração de Myungshin Cho e Sohee Kim.

Repórteres da matéria original: Sam Kim em Seul, skim609@bloomberg.net;Jihye Lee em Seul, jlee2352@bloomberg.net