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Saída de diretor marca fim de era complicada do feed do Facebook

Sarah Frier

15/03/2019 11h44

(Bloomberg) — O Facebook acaba de perder seu executivo de produto mais importante. A saída dele marca o fim de uma era para o feed de notícias, o produto mais emblemático da rede social — e muitas vezes o mais atormentado.

Chris Cox, diretor de produto do Facebook, trabalhou na rede social por 13 anos. Ele ajudou a inventar e a desenvolver o feed de notícias, principal canal de atualizações personalizadas da vida de mais de 2 bilhões de pessoas — em essência, o editor-chefe baseado em algoritmos da vida digital dos usuários. Talvez não seja coincidência que a saída de Cox ocorra poucos dias depois de o CEO Mark Zuckerberg proclamar que o futuro do Facebook será voltado para algo completamente diferente: mensagens privadas e conversas de grupos pequenos.

O feed de notícias tem sido a faceta mais importante do modelo de negócio do Facebook porque a empresa é capaz de encaixar anúncios entre as postagens pessoais. E também está no centro das controvérsias da empresa, incluindo a disseminação de informações falsas, porque oferece a cada um que o utiliza um retrato diferente da realidade. O histórico de desastrosos escândalos de privacidade do Facebook começou no lançamento do feed de notícias, em 2006. Os usuários ficaram indignados por verem suas postagens e fotos inesperadamente espalhadas em um fórum aberto e não apenas em suas páginas pessoais. Mesmo assim, eles se viciaram rapidamente.

Agora, o crescimento e o engajamento dos usuários estão perdendo força nos mercados de anúncios mais importantes da empresa. O fenômeno ainda não prejudicou a receita, mas o Facebook sinalizou que a desaceleração continuará e que a empresa terá que investir mais para desenvolver novos negócios. Em meio a essa transição, o Facebook planeja deixar de revelar aos investidores os números separados de usuários de sua principal plataforma de rede social, optando por divulgar um número agregado de usuários do Facebook e dos aplicativos WhatsApp, Instagram e Messenger. A conclusão de todas estas mudanças: o feed de notícias passou a ser um produto antiquado.

O futuro dos negócios do Facebook será mais dependente das postagens efêmeras, como as do Instagram Stories, disse Zuckerberg. Essa mudança também exigirá que o Facebook invista mais em seus produtos de mensagens, focando em criptografia — conversas tão privadas que nem o Facebook consegue ver o que as pessoas estão escrevendo.

Este é um universo de redes sociais muito diferente daquele que Cox ajudou a criar. Em sua postagem sobre a saída do Facebook, ele disse que os administradores dos produtos de redes sociais devem "retomar o trabalho diário de incliná-las em direção ao positivo e ao bem. Esta é a nossa maior responsabilidade".

Isso não será possível em um mundo dominado pelas mensagens criptografadas. Zuckerberg reconheceu que, apesar de as mensagens privadas ajudarem o Facebook a estabelecer a confiança dos usuários em relação à forma de trabalhar os dados, em alguns casos será impossível rastrear alguns conteúdos mais problemáticos trocados pelos usuários de seus produtos.

"Este será um grande projeto e precisaremos de líderes que estejam animados com a nova direção", disse Cox, em sua postagem de despedida.