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Will Landers vai para BTG com otimismo inabalado no Brasil

Felipe Marques e Julia Leite

18/03/2019 07h00

(Bloomberg) -- Em seus 17 anos na BlackRock, Will Landers construiu uma reputação como um dos maiores entusiastas do Brasil entre os investidores globais. Agora, ele está levando esse otimismo para um novo emprego.

Landers assume como chefe de Renda Variável para América Latina na gestora do BTG Pactual nesta segunda-feira. Em sua primeira entrevista no cargo, ele disse que está confiante de que o governo será capaz de aprovar as mudanças nas regras brasileiras de aposentadoria com uma economia significativa para os gastos públicos.

"A reforma da Previdência é tão importante, tão grande e tão crítica que o resto das medidas do governo não é suficiente para compensar se a reforma não passar", disse o executivo de 50 anos, no escritório do BTG em Nova York, onde ficará baseado. "Eu acredito que a reforma vá passar em algum momento deste ano, a questão é quão abrangente ela vai ser."

No mês passado, o governo do presidente Jair Bolsonaro propôs mudanças na Previdência Social que, segundo a equipe econômica, economizariam cerca de R$ 1 trilhão em uma década. O mercado reagiu bem ao plano, mas espera que ele seja diluído nas negociações com o Congresso. As estimativas de quanto de economia seria necessária para a reforma ser vista como bem-sucedida variam de R$ 600 bilhões a R$ 800 bilhões.

Landers disse que o tom das conversas entre o governo e os congressistas será observado de perto pelos investidores, e previu que o caminho para a aprovação provavelmente será trilhado com "tropeços e sustos". Enquanto um atraso de dois ou três meses não fará muita diferença, ele diz que a reforma tem que passar no Congresso neste ano.

No BTG, Landers será responsável por um fundo para a América Latina semelhante ao que ele administrou na BlackRock, que teve até US$ 10 bilhões sob gestão em seu auge. Ele quer aumentar a exposição às empresas que mais se beneficiariam com a reforma, vista como o principal impulsionador dos mercados brasileiros. Ele citou empresas de consumo, estatais e bancos como setores potencialmente interessantes, acrescentando que as empresas com maior valor de mercado podem subir à medida que os investidores estrangeiros retornem.

Venda de ativos

A agenda de venda de ativos do governo, em particular as ações na carteira do BNDES, também poderia impulsionar algumas empresas de médio porte, já que a saída do governo aumenta a liquidez, atraindo novos investidores, segundo Landers.

Landers também vê algumas oportunidades em outros países da região. Ele disse que o crescimento econômico do México pode desacelerar, mas "não será um desastre"; Peru, Colômbia e Chile oferecem algumas opções potencialmente atrativas; e a Argentina melhorou, mas as perspectivas para as ações ainda não estão claras. Seu claro favorito é seu país de origem, onde viveu até se tornar adolescente e se mudar para Nova York.

"Pelo que estou vendo as coisas estão andando", disse ele. "Talvez não na velocidade que alguns gostariam, mas andando de uma maneira boa."