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Bilionário quer que 17.000 funcionários aprendam a programar

Pavel Alpeyev e Emily Chang

20/03/2019 14h09

(Bloomberg) -- Menos de uma década depois de chocar os trabalhadores de sua gigante de tecnologia japonesa decretando que eles aprendam inglês, o bilionário Hiroshi Mikitani quer fazer o mesmo com a programação de computadores.

A Rakuten pode esperar em breve que seus mais de 17.000 funcionários saibam como um computador compila um programa e entendam a diferença entre CPU e GPU (um é o cérebro de um PC, o outro executa os gráficos). A companhia ressalta que a capacidade de codificar é básica e obrigatória.

Mikitani, pioneiro na economia de internet do Japão, estuda essa medida drástica em um momento em que seu império de comércio eletrônico enfrenta uma pressão crescente por parte da Amazon. É uma tentativa de manter as habilidades dos funcionários atualizadas e responde à velha pergunta sobre se é preciso saber programar para trabalhar em tecnologia.

"Se você trabalha para a Toyota, por exemplo, você sabe como funciona o automóvel - estrutura básica do motor, suspensão e assim por diante", disse Mikitani a Emily Chang, da Bloomberg Television. "Então, se você trabalha para uma empresa de serviços de TI, você precisa ter um conhecimento básico sobre o que tem no computador."

A capacidade de escrever código em Python ou de dissecar as diferenças entre redes sem fio de quarta e quinta geração não é algo que a maioria das empresas de tecnologia trataria como um pré-requisito para um cargo não operacional. Embora o Fórum Econômico Mundial estime que mais da metade dos trabalhadores necessitarão de treinamento significativo até 2022, poucos parecem estar seguindo o exemplo de empresas como a Nokia, que tem planos de tornar obrigatória a familiaridade com o aprendizado de máquinas.

Thomas Malone, professor de tecnologia da informação e estudos organizacionais da MIT Sloan School of Management, acha que essa poderia ser uma boa ideia. Alguma dose de conhecimento sobre programação pode ser extremamente valiosa para ajudar gerentes e operários a irem além dos chavões e entenderem o que a tecnologia realmente pode fazer.

"Todos nós estamos vivendo em um mundo moldado e definido pela TI, mas muitos de nós temos um modelo mental da tecnologia análogo a crer que as doenças são causadas por espíritos malignos", disse Malone. "Você pode dar às pessoas uma compreensão suficiente para que elas saibam como fazer as perguntas certas."

O conjunto mínimo de habilidades digitais já vai além do software de produtividade, como o Microsoft Office, e inclui aplicativos colaborativos de bate-papo, bancos de dados de gerenciamento de relacionamento com o cliente e etiqueta de redes sociais. Nos próximos anos, talvez um funcionário médio também precise saber os fundamentos da ciência de dados e entender os diferentes tipos de inteligência artificial em um dia de trabalho comum.

Mikitani está disposto a adotar uma visão de longo prazo em relação à iniciativa de programação e a um futuro que está evoluindo rapidamente, especialmente quando se trata de inteligência artificial e outras inovações.

"Daqui a dez anos, o mundo vai ser completamente diferente", disse Mikitani. "A maior parte do serviço que é feito por seres humanos será realizada pela inteligência artificial. E se seus gerentes não estiverem cientes disso, você terá um grande problema."

Repórteres da matéria original: Pavel Alpeyev em Tóquio, palpeyev@bloomberg.net;Emily Chang em São Francisco, echang68@bloomberg.net