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No bolão da NCAA, use teoria dos jogos e escolha a Duke

Brandon Kochkodin

20/03/2019 14h40

(Bloomberg) -- Sejamos honestos: é impossível gabaritar o bolão da NCAA, a associação universitária de basquete dos EUA.

As chances contrárias à perfeição são enormes, com 9,2 quintilhões de permutações. Já que existem apenas 7 quintilhões de grãos de areia na Terra, seria mais fácil encontrar um grão pintado com o tom de azul do time da Universidade da Carolina do Norte do que acertar os vencedores das 63 partidas normalmente incluídas na tabela do torneio.

Já que a perfeição está fora de alcance, qual é a melhor estratégia para ganhar o bolão da firma? Usar a teoria dos jogos, que mede a interação estratégica entre atores racionais -- ou nossa forma de tomar decisões.

"A maioria dos participantes ocasionais é razoavelmente previsível, mas um selecionador que se baseia na teoria dos jogos -- independentemente de ser alguém que pensou a matemática formalmente ou alguém que intuiu os princípios com base na experiência -- pode fazer uma grande diferença", disse Aaron Brown, investidor que escreve para a Bloomberg Opinion e que já publicou a respeito das melhores maneiras de escolher os resultados da NCAA.

O problema, segundo Brown, é que as seleções não precisam ser apenas bem fundamentadas. Além disso, elas devem ser diferentes daquilo que os analistas de poltrona -- inteligentes ou não -- colocam em suas apostas.

Informar suas escolhas aos adversários mais difíceis do bolão pode ser uma estratégia eficaz e contraintuitiva.

"Os outros participantes inteligentes naturalmente evitarão suas apostas em azarões", disse Brown. "Apesar de estar competindo contra eles pelo prêmio, você na verdade está cooperando com eles para fazer escolhas que não sejam similares às demais."

Apenas escolha bem com quem compartilhar as apostas. Lembre-se, você está compartilhando para se diferenciar de outros concorrentes bem informados, não para ajudar os que não sabem nada.

"Na universidade, muitas vezes descobríamos que o fã de esporte menos informado do alojamento havia ganhado", disse Presh Talwalkar, autor de "The Joy Of Game Theory". "Por quê? Porque todos sentiam pena e ajudavam o novato desinformado; então as escolhas do novato acabavam sendo ótimas por causa do efeito da sabedoria popular."

Talwalkar também aconselha a não apostar sempre contra a maré.

"Tenho a impressão de que as pessoas pensam demais nos favoritos e escolhem muitos azarões, por isso os favoritos continuam sendo boas escolhas", disse. Duke, Virgínia, Carolina do Norte e Gonzaga são as equipes mais bem posicionadas (seed número 1) no ranking do torneio.

Esse sentimento é compartilhado por Ran Shorrer, professor de Economia da Penn State.

Ao apostar nos jogos fora da primeira rodada, Shorrer sugere escolher com base nas probabilidades. Pense nas equipes escolhidas para as semifinais não como os vencedores mais prováveis dos confrontos que você criou, mas como os times que você acredita que têm mais chances de vencer a região.

Com isso, você pode acabar fazendo a escolha mais trivial de todas para o campeão -- apostar que a Duke percorrerá todo o caminho até a final -- se não tiver ido à faculdade em Durham com Christian Laettner ou Steve Wojciechowski.

"Se eu acho que a Duke vencerá a maioria das equipes, devo colocá-la como vencedora de ponta a ponta", disse Shorrer.