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Problema de bancos paralelos na Índia afeta pobres e bilionários

Saloni Shukla

22/03/2019 11h35

(Bloomberg) -- Quando o setor bancário paralelo da Índia dá um espirro, muita gente pega um resfriado.

Nas últimas semanas, as preocupações com a dívida têm elevado os custos de fundos para as instituições financeiras não bancárias aos patamares mais altos em vários anos. Esta é uma má notícia para os mutuários da economia de grande porte que mais cresce no mundo - dos empreendedores pobres que obtêm microempréstimos para empresas de entrega de alimentos aos magnatas do setor imobiliário que buscam rolar a dívida que deu impulso ao boom da construção.

Esta situação tornará o dinheiro mais caro para uma enorme gama de empresas e indivíduos em um momento crucial para os responsáveis pela política monetária. A oscilação da atividade econômica já está pressionando o banco central a atender às expectativas de um corte consecutivo da taxa de juros em abril. E o primeiro-ministro, Narendra Modi, precisa evitar turbulências econômicas antes das eleições do próximo mês.

Os diferenciais dos bônus de melhor nota com vencimento em cinco anos das instituições indianas não bancárias aumentaram 75 pontos-base desde o final de agosto até quase o nível mais alto desde 2012, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Os problemas começaram no final do ano passado após surpreendentes calotes no grupo de financiamento IL&FS. A situação parecia ter melhorado no início deste ano, depois que as autoridades intervieram para aumentar a liquidez, mas mais surpresas surgiram nos últimos meses. As preocupações com a dívida no conglomerado Essel Group e os problemas para a empresa de financiamento imobiliário Dewan Housing Finance elevaram os custos de financiamento.

"Questões recentes com algumas instituições não bancárias criaram uma segunda onda de preocupação, os problemas que achávamos que estavam se dissipando no início de janeiro estão agora ressurgindo", disse Prakash Agarwal, diretor de instituições financeiras da India Ratings. "O custo dos fundos para as instituições não bancárias com notas mais baixas se tornará desproporcionalmente maior de agora em diante."

As instituições não bancárias com nota AA pagavam cerca de 10,68 por cento pelo dinheiro no mês passado, um aumento de 64 pontos-base desde setembro, de acordo com a última análise da CARE Ratings sobre as taxas médias ponderadas. Os bancos paralelos têm tentado migrar para fontes de financiamento de longo prazo para deter desequilíbrios entre ativos e passivos.

Essa tendência pode continuar, já que os custos de financiamento de menor prazo também subiram novamente. As taxas médias de juros do papel comercial de instituições não bancárias subiram para 7,9 por cento em fevereiro, contra 7,76 por cento no mês anterior, detendo declínios em relação ao pico do ano passado, de acordo com a CARE.

As preocupações com a dívida da Essel repercutiram nos mercados financeiros da Índia no mês passado e os instrumentos de dívida da Dewan Housing foram rebaixados por preocupações com a governança corporativa.

A ICRA espera que o crescimento dos empréstimos por parte das instituições não bancárias caia à metade no segundo semestre do ano fiscal de 2019, para 12 por cento, devido ao aperto do financiamento e à aversão ao risco. As instituições não bancárias respondem por 50 por cento do total de empréstimos do mercado de dívida, segundo a ICRA.

"A crise de financiamento das instituições não bancárias tem que ser tratada especificamente em termos de medidas para reduzir os diferenciais de crédito", diz Srinivas Varadarajan, diretor administrativo de renda fixa e moedas do Deutsche Bank em Mumbai. Uma opção seria que o banco central receba dívida corporativa com nota AAA como garantia, com uma garantia do governo, disse ele.

--Com a colaboração de Anurag Joshi e Anto Antony.