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Volkswagen Brasil se destaca globalmente com uso de tecnologia

Leonardo Lara

27/03/2019 10h45

(Bloomberg) -- O Brasil pode estar atrás dos países europeus no desenvolvimento dos veículos elétricos e autônomos, mas a operação da Volkswagen AG na maior economia da América do Sul se destaca em pelo um aspecto: a inovação tecnológica.

A marca alemã, segunda maior fabricante de automóveis do Brasil, montou em suas dependências em São Paulo uma espécie de start-up de inovação, com foco específico em desenvolver novas tecnologias adaptadas às preferências dos clientes regionais, como novas centrais multimídia, de acordo com Pablo Di Si, presidente e CEO da Volkswagen América Latina.

A empresa lançou sua concessionária digital em apenas cinco meses, como um piloto, e foi aprimorando consistentemente o projeto à medida em que ele crescia, para superar as concorrentes e desafiar seus desenvolvedores, disse ele. A equipe brasileira está compartilhando muitos avanços tecnológicos com a matriz na Alemanha.

"Na parte digital, principalmente, o Brasil é muito mais conectado, muito mais pragmático e mais simples", disse Di Si ao comparar a concessionária digital regional com a alemã. "Aqui são três cliques até chegar ao carro desejado, enquanto na Alemanha são 54", afirmou ao explicar que não se trata de um projeto ser melhor do que o outro, porque a diferença entre consumidor brasileiro e o alemão justifica a importância de se desenvolver localmente.

As novas centrais multimídia, que equiparão os modelos produzidos na América Latina a partir de 2020, são chamadas internamente de "infotainments" e vão mudar radicalmente a aparência dos paineis dos carros, disse ele. "Nós desenhamos os carros e tudo o que tem a ver com o 'touch and feel' com o consumidor, o design do carro".

Di Si, argentino de 49 anos que trabalhou na Fiat Chrysler Automobiles NV antes de ingressar no grupo alemão, assumiu o comando das operações da Volkswagen na América Latina em 2017 e disse estar mais otimista agora em relação ao Brasil do que em 2018. Ele espera que a empresa pare de perder dinheiro na região até 2020.

O otimismo de Di Si se destaca no setor: no início deste ano, a General Motors Co. ameaçou encerrar operações na América do Sul, enquanto a Ford Motor Co. anunciou sua saída do negócio de caminhões pesados na região e o fechamento uma de suas maiores fábricas no Brasil.

Mas a situação da Argentina não está ajudando. "Eu sabia que seria difícil em 2019", disse. Como ajuste, a empresa deixou de exportar para a Argentina 60.000 carros feitos no Brasil em 2018 como forma de ajustar as vendas e os estoques à crise do país vizinho.

Uma peça-chave na estratégia da Volkswagen para 2019 é o T-Cross, o primeiro SUV compacto a ser fabricado localmente. O novo carro é parte de um ciclo de investimento de R$ 7 bilhões entre 2017 e 2020, que inclui o lançamento de 20 veículos. Sobre o próximo ciclo, a partir de 2021, o executivo diz que já tem conversas encaminhadas com sindicatos, concessionários e governos, mas não pode antecipar nada neste momento.