Bancos demonstram receio com rápido crescimento da WeWork
(Bloomberg) -- O proprietário de um prédio de escritórios em Londres negociou um contrato de locação com uma empresa que queria alugar todos os oito andares.
Para surpresa dele, seu próprio banco, o ING Groep, vetou a transação. O ING se posicionou contra o acordo porque todo o aluguel seria pago por um único inquilino, a WeWork. O banco holandês não é o único que pensa assim. As instituições financeiras da Europa demonstram mais receio em relação à gigante do coworking, que começou a operar há apenas nove anos, em um prédio velho de seis andares no SoHo, em Nova York. Atualmente, a empresa opera 4,2 milhões de metros quadrados de escritórios ao redor do mundo ? o equivalente a toda a área ocupada por escritórios no centro da Filadélfia.
Bancos e investidores que financiaram edifícios alugados pela WeWork estão colocando o pé no freio. O relato a seguir se baseia em entrevistas com executivos de 17 bancos, fundos de crédito, proprietários de edifícios e corretoras de empréstimos imobiliários, que pediram anonimato. Um representante do ING se recusou a comentar sobre o empréstimo para a operação de Londres.
A ascensão meteórica da WeWork coincide com grandes mudanças no mundo dos negócios. A companhia surfou a onda da chamada gig economy, que demanda espaços flexíveis para trabalhos de curto prazo. A decoração informal e descolada agrada hipsters urbanos, uma cultura que já atrai grandes empresas. Startups ? mesmo aquelas com muito dinheiro injetado por investidores ? costumam se encaixar bem no esquema dos escritórios WeWork.
Ao contribuir para a transformação do mercado de imóveis comerciais de Boston a Bangcoc, a WeWork atraiu as atenções do conglomerado japonês SoftBank Group, que desde 2017 se comprometeu a colocar mais de US$ 10 bilhões na empresa. Após o investimento mais recente da SoftBank, a WeWork anunciou que seu valor de mercado chegou a US$ 47 bilhões.
A WeWork já é líder em ocupação de imóveis comerciais em Londres e Nova York e alguns bancos na Europa relutam em aumentar sua exposição a uma única empresa. Seu modelo de negócios ? garantir espaço com contratos de locação de longo prazo e oferecer a inquilinos de curto prazo ? encontra resistência.
Até a retaguarda da SoftBank tem seu lado ruim. Em janeiro, a companhia japonesa injetou mais US$ 6 bilhões na WeWork, mas desistiu de investir US$ 16 bilhões para obter uma fatia controladora. A decisão assustou algumas instituições financeiras.
O vice-presidente do conselho, Michael Gross, nega que os bancos estejam se distanciando da WeWork.
"Há uma quantia tremenda de fluxo de negócios, com ativos que foram revendidos ou refinanciados tendo a WeWork como inquilina importante", disse Gross em entrevista. À medida que a companhia constrói seu histórico, "fica cada vez mais fácil".
A empresa opera 630 locais em mais de 30 países, inclusive no Brasil. O ritmo de crescimento é justificativa importante para seu elevado valor de mercado e um diferencial em relação à concorrência. Por exemplo, a IWG, dona da Regus, tem valor de mercado de 2,2 bilhões de libras esterlinas (US$ 2,9 bilhões), embora opere um número maior de imóveis e tenha registrado lucro no ano passado.
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