Para conseguir entrar em universidade de elite nos EUA: vá remar
(Bloomberg) -- No ensino médio, Amanda Grady jogava golfe porque seus pais achavam que assim entraria em uma boa faculdade. Ela não comprou a ideia. Então, descobriu o remo, oferecido no ensino fundamental de sua escola em um bairro de classe alta em Orlando.
Embora um pouco pequena para uma remadora iniciante, Grady foi classificada para o programa júnior de desenvolvimento de remo dos EUA, o que lhe rendeu acesso direto aos treinadores universitários. Tais programas podem hoje custar mais de US$ 5.000 em acampamentos de treino de verão.
Essa experiência, juntamente com a boa reputação do time da escola como um dos melhores do país, ajudou muito ao se candidatar para a universidade. Por seus méritos acadêmicos, Grady já seria uma boa candidata para Yale, mas não tem certeza de que teria conseguido sem o remo. "Eu realmente acho que é uma questão de sorte nesse ponto", disse ela. Grady, formada pela Yale em 2012, hoje trabalha no Vale do Silício em uma startup de tecnologia móvel.
O escândalo da operação Varsity Blues, que eclodiu neste mês, mostrou o enorme poder que os treinadores podem exercer. Promotores alegam que alguns pais ricos subornaram os treinadores em escolas, inclusive Yale, Georgetown e a Universidade do Sul da Califórnia, para reservar vagas aos seus filhos, apesar de alguns nem praticarem o esporte apontado na admissão.
O remo não é o único esporte que proporciona um caminho exclusivo para as melhores universidades. Vários esportes aceitos pelas universidades de elite, tais como esgrima, não são amplamente oferecidos no ensino médio. Até mesmo esportes comuns como atletismo promovem eventos que não são usualmente disputados em ensino médio, mas que treinadores das universidades adoram.
"Eu não tinha ideia do que era o remo", disse Pantaleon, de 19 anos. "Sabia que era um esporte aquático, mas era só isso."
Sua mãe o incentivou a participar dos testes para o programa sem fins lucrativos, chamado Row New York, e ele conseguiu entrar no time. Alguns meses depois, Pantaleon, aluno do 9° ano do ensino médio na época, decidiu largar o basebol e o time de remo em tempo integral porque acreditava ter melhor chance de usar o esporte para entrar na universidade. Hoje Pantaleon está no time do segundo ano de peso leve masculino da Universidade da Columbia.
--Com a colaboração de Eben Novy-Williams.
Para contatar o editora responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net
Repórteres da matéria original: Sophie Alexander em N York, salexander82@bloomberg.net;Ben Steverman em New York, bsteverman@bloomberg.net
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