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Bilionário investe em e-commerce para enfrentar Amazon na Índia

P R Sanjai e Jeremy Diamond

08/04/2019 15h39

(Bloomberg) -- Uma farra de gastos de US$ 2,5 bilhões envolvendo mais de duas dúzias de negócios dá algumas dicas sobre como Mukesh Ambani está desenvolvendo uma estratégia para enfrentar a Amazon na Índia.

O homem mais rico da Ásia está ajustando seu foco para o comércio eletrônico com uma série de pequenas aquisições e compras de participações para enfrentar a maior varejista online do mundo, depois de abalar a indústria de telecomunicações da Índia com dados baratos e chamadas gratuitas.

As aquisições representam uma nova estratégia para o Reliance Group, de Ambani, cujo fundador, seu pai Dhirubhai Ambani, começando do zero, construiu uma empresa petroquímica e o maior complexo de refino de petróleo do mundo. É claramente um pivô para ofertas de consumo em um país que está se tornando um campo de batalha para gigantes como a Amazon e o Flipkart do Walmart.

"Os acordos podem ser bem pequenos, mas é mais provável que estejam montando uma equipe de pessoas talentosas por meio de aquisições, que pode receber investimento para construir plataformas de produtos maiores", disse Kunal Agrawal, analista da Bloomberg Intelligence.

Ambani está correndo para conquistar uma fatia de um mercado de compras online que, segundo estimativa do Morgan Stanley, vai crescer a US$ 200 bilhões em 2028, em comparação aos US$ 30 bilhões do ano passado. A Índia terá 829 milhões de usuários de smartphones até 2022, de acordo com a Cisco Systems, em comparação ao meio bilhão projetado para este ano. Isso significa um aumento potencial na demanda por serviços e produtos online, de música a entrega de comida, aparelhos eletrônicos e roupas.

A plataforma vai usar realidade aumentada, holografias e realidade virtual para criar uma "experiência de compra imersiva", disse Ambani, de 61 anos. Os negócios de consumo da Reliance contribuirão tanto para os ganhos gerais do conglomerado quanto seus negócios de energia até o fim de 2028, ele disse. O serviço vai tentar incluir as milhões de lojas familiares que dominam o mercado de varejo indiano. Redes e grandes lojas de departamento respondem por apenas 10% do mercado.

Em um movimento amplamente interpretado como uma ajuda para os negócios locais, no final do ano passado, o governo impôs restrições aos gigantes mundiais, exigindo que cortassem pagamentos em dinheiro e descontos. Para se ajustar às regras, a Amazon e o Walmart removeram milhares de produtos das prateleiras virtuais e precisam redigir novos contratos com comerciantes e marcas, e se preparar para uma política de comércio eletrônico completa que está em revisão. Representantes do Walmart e da Amazon preferiram não comentar.

--Com a colaboração de Saritha Rai e Dhwani Pandya.

Repórteres da matéria original: P R Sanjai em Mumbai, psanjai@bloomberg.net;Jeremy Diamond em London, jdiamond22@bloomberg.net