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Impacto ambiental pode parar projeto de cobre da Anglo no Chile

Laura Millan Lombrana

08/04/2019 14h53

(Bloomberg) -- A Anglo American pode desistir de seu novo grande projeto de cobre se estudos indicarem que o plano afetaria as geleiras próximas ou se houver forte oposição das comunidades locais no Chile, disse um executivo do alto escalão.

A empresa com sede em Londres vai pedir a licença ambiental para o projeto, orçado em US$ 3 bilhões, com o objetivo de aumentar a produção da mina de Los Bronces durante o terceiro trimestre, disse em entrevista Henni Faul, chefe da operação de cobre da mineradora. O projeto é complicado por estar próximo às geleiras andinas e à capital chilena.

"Todos nossos dados comprovam que podemos extrair esse recurso sem causar nenhum dano às geleiras e sem afetar o lençol freático", disse Faul durante entrevista na unidade da Anglo American em Santiago, antes da conferência do setor de mineração Cesco Week. "Não realizaremos a mineração se houver outras indicações; não levaremos o projeto adiante. "

O projeto Los Bronces faz parte do plano da Anglo American de expandir seu portfólio de ativos de cobre organicamente, disse Faul. No ano passado, a empresa iniciou a construção da mina Quellaveco, no Peru, com investimentos de US$ 5 bilhões, uma das poucas grandes minas de cobre em construção atualmente.

A produção em Los Bronces - a maior mina de cobre operada pela empresa global - diminuirá em cinco anos com a queda das concentrações de minério. A expansão da produção no local, cujas atividades de mineração foram iniciadas há mais de 150 anos, poderia elevar a produção anual de 369,5 mil toneladas no ano passado para cerca de 400 mil. A empresa planeja usar novas tecnologias para melhorar a eficiência e escavar túneis subterrâneos para evitar impactos nas geleiras próximas.

"Estamos trabalhando nisso há seis anos e confiamos que temos o melhor conhecimento científico", disse Faul sobre os planos em Los Bronces.

Cerca de 80% das geleiras da América do Sul estão localizadas no Chile e cobrem cerca de 3% da área terrestre do país. O aumento das temperaturas combinado com a atividade de mineração acelerou o derretimento das geleiras andinas, disse em junho Francisco Ferrando, professor de geografia da Universidade do Chile, em Santiago.

Faul estima que as licenças necessárias para o projeto devem sair em cerca de três anos, incluindo a licença ambiental. O desenvolvimento do projeto levaria quatro anos e a operação, outros cinco anos. Muita coisa poderia acontecer nesse período, especialmente porque a proteção das geleiras e o impacto da mineração no delicado ambiente andino estão em discussão no Congresso do Chile.

As duas minas estão a cerca de 65 quilômetros de Santiago, onde vivem mais de 5 milhões de pessoas, cerca de um terço da população chilena. Projetos nas proximidades de Los Bronces e das geleiras são acompanhados de perto por comunidades locais e grandes grupos ambientais, como o Greenpeace, que se opõe às atividades industriais e de mineração sobre ou sob as geleiras.