EUA têm mais fazendeiros negros, mas desigualdade persiste
(Bloomberg) -- O número de agricultores negros nos EUA aumentou, mas enxergar esse número isoladamente seria mascarar as enormes disparidades envolvendo a questão racial.
Havia 45.508 agricultores negros em 2017, cerca de 2% a mais do que cinco anos antes, disse o Ministério da Agricultura (USDA) na quinta-feira, em seu primeiro censo agrícola desde 2012. Cerca de 3,2 milhões de agricultores são brancos ou 95%. Mais impressionante ainda é que a propriedade de terra diminuiu mais rapidamente para os agricultores negros, uma queda de cerca de 3% desde 2012, em comparação a 0,3% para os produtores brancos.
Há também uma lacuna de renda. Havia 2.349 agricultores negros em transações que faturaram US$ 50.000 por ano ou mais em 2017, em comparação aos 492.000 brancos. Durante décadas, os agricultores negros reivindicam tratamento injusto por parte do governo dos EUA, dizendo que o preconceito contra eles em relação a empréstimos contribuiu para os pequenos números na agricultura.
As disparidades ainda são "horríveis", disse John Boyd Jr., fundador da Associação Nacional para os Fazendeiros Negros, por telefone na quinta-feira. "É quase desanimador".
Até mesmo em relação a acesso à internet, cada vez mais essencial porque as negociações favorecem operadores que têm informações em tempo real, os agricultores negros ficam para trás. Aproximadamente 61% das fazendas de negros têm acesso à internet, em comparação com 76% de brancos, mostram os dados.
O USDA define agricultores, ou produtores, como uma pessoa que está envolvida na tomada de decisões para a atividade. O número de agricultores negros nos EUA atingiu o pico de 925.710 em 1920, de acordo com o USDA.
Em 2010, os agricultores negros conseguiram um acordo de US$ 1,25 bilhão do USDA por reivindicações de discriminação. Uma visão mais aprofundada da história mostra um quadro perturbador quando se trata dos negros e da agricultura norte-americana, desde a escravidão até o sistema de parceria (meação) e a segregação sancionada pelo estado, juntamente com leis que dificultavam a posse da terra.
Historicamente, segundo Boyd, fazendeiros negros, incluindo seu pai, têm hesitado em responder as pesquisas do USDA temendo que isso possa levá-los a perder suas terras.
A associação de Boyd vem tentando promover o envolvimento de negros mais jovens para entrar na agricultura. Algumas fazendas estão começando a aparecer nas cidades urbanas, à medida que as pessoas procuram produzir seus próprios alimentos mais saudáveis. Ainda assim, em comunidades agrícolas tradicionais, os negros de famílias de agricultores podem sentir-se desencorajados ao ver toda a luta dos mais velhos, disse Boyd. Ele disse que não espera que as coisas melhorem no governo do presidente Donald Trump, dizendo que o secretário do USDA, Sonny Perdue, ainda não se reuniu com seu grupo.
Enquanto isso, Perdue, falando a repórteres na quinta-feira em Washington, disse que se reúne com "fazendeiros negros o tempo todo" nas estradas e em outros lugares, e que não tem conhecimento de pedidos para se reunir com agricultores negros que tenham sido recusados.
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