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Suicídio paira sobre estudantes endividados nos EUA

Alex Tanzi

06/05/2019 07h44

(Bloomberg) -- Os US$ 1,6 trilhão em dívidas estudantis nos Estados Unidos podem não representar uma ameaça direta à economia, mas causam angústia que vai muito além das preocupações financeiras dos devedores.

Uma em cada 15 pessoas com empréstimo estudantil considerou cometer suicídio, segundo pesquisa realizada com 829 pessoas no mês passado pelo Student Loan Planner, um grupo de assessoria para dívidas.

A maior parte do financiamento estudantil é detida por pessoas com saldos devedores no piso inferior da escala, sendo que apenas 0,8% da população dos EUA deve mais de US$ 100 mil, segundo economistas do Deutsche Bank, que classificam a questão como um "microproblema" para os indivíduos, em vez de um macroproblema para a economia.

No entanto, a proporção ainda equivale a 2,8 milhões de pessoas com cerca de US$ 495 bilhões em dívidas em março, de acordo com dados do Departamento de Educação. Ainda mais preocupante é o aumento de quase US$ 61 bilhões no nível de endividamento desde o fim de 2017.

O crédito estudantil responde pela segunda maior proporção das dívidas nos Estados Unidos depois das hipotecas e, muitas vezes, as parcelas são mais caras em relação ao montante devido porque as taxas de juros geralmente são mais altas. Sem mencionar que, ao contrário de comprar uma casa, a educação não é um ativo tangível que pode ser vendido.

O assunto também começa a dominar o debate político com a proximidade da eleição presidencial no ano que vem. A senadora Elizabeth Warren apresentou um plano para cancelar empréstimos de vários devedores, enquanto o ex-governador do Colorado, John Hickenlooper, abordou alguns dos efeitos colaterais da questão para a economia em uma apresentação na conferência do Instituto Milken na semana passada.

"Claro que os millennials adorariam comprar uma casa", disse Hickenlooper em 30 de abril, em Los Angeles. Mas "estão atolados em dívidas!".

Em um cenário que mostra os custos mensais associados a diferentes níveis de dívida estudantil, um empréstimo de 10 anos cobra juros de 6%. Para colocar os números em perspectiva, uma hipoteca de US$ 400 mil de 30 anos, considerando as taxas de juros atuais, custaria cerca de US$ 2 mil por mês.

Em um segundo cenário, os empréstimos são apresentados ao longo de um prazo de 20 anos com taxas de 7%. As parcelas mensais são menores, mas o custo total é maior, com pagamentos totais de juros acima de US$ 86 mil para uma dívida de US$ 100 mil.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net